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“Se você olhar para os dados do mundo real, vai ver que a vacina faz um ótimo trabalho”, afirma vice-presidente da Sinovac


Publicado em: 25/06/2021

Em visita ao Butantan, o vice-presidente da biofarmacêutica chinesa Sinovac, Weining Meng, assinalou que os resultados de pesquisas recentes feitas no Brasil e no Chile sobre a eficácia e eficiência da vacina CoronaVac são encorajadores. De acordo com o executivo, as conclusões dos estudos são ainda mais significativas em relação à população idosa, já que ambos países começaram suas campanhas de vacinação pelas pessoas mais velhas.

“Se você olhar para os dados do mundo real da população acima dos 90 anos, 80 anos, não importa se for do Brasil ou do Chile, e você comparar a taxa de incidência e hospitalização de Covid-19 antes da vacinação, você vai ver uma grande diminuição porque a vacina fez um ótimo trabalho”, explicou Meng. Ele também ressaltou o alto perfil de segurança da CoronaVac: mais de 800 milhões de doses já foram distribuídas na China, com 90% desse total tendo sido aplicado na população, e os dados coletados pela Sinovac mostram que os riscos são baixos.

Weining faz parte de uma comitiva, da qual também participam o diretor sênior de negócios internacionais, Jack Tang, e a gerente médica do departamento de pesquisa clínica, Xing Meng, que está no Brasil desde segunda (21). O objetivo da visita ao Butantan é estreitar aspectos de cooperação futura, do desenvolvimento de novas vacinas e articular a transferência de tecnologia da CoronaVac.

Em entrevista exclusiva, o vice-presidente da Sinovac lembrou os resultados do Projeto S, estudo clínico de efetividade que o Butantan está realizando no município de Serrana para entender o impacto da vacinação no combate à pandemia. A imunização de toda a população adulta da cidade com CoronaVac fez os casos sintomáticos de Covid-19 despencarem 80%, as internações, 86%, e as mortes, 95%.

“Isso cobre os idosos e os mais novos. Quem tem menos de 18 anos não foi vacinado; mesmo assim, podemos ver uma ótima proteção porque as pessoas ao redor deles foram imunizadas”, assinalou Meng. “O Projeto S vem do caso real. Significa muito não só para nós, desenvolvedores de vacina, mas também para a população em geral e os criadores de políticas públicas.”

 

 

A CoronaVac no mundo

A CoronaVac, desenvolvida em parceria entre o Butantan e a Sinovac, já foi aprovada para uso em 47 países além do Brasil e da China. Mais de 40 países já a estão utilizando em suas campanhas de vacinação – na América Latina, outros exemplos são México, Colômbia, Uruguai, República Dominicana e Equador.

De acordo com Weining, a pandemia só será vencida se os países trabalharem juntos, se as vacinas forem distribuídas para todas as nações de forma justa e em grandes quantidades, e se as pessoas continuarem adotando o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização das mãos. “Só a vacina sozinha não consegue resolver o problema”, ressaltou. “Nós precisamos fazer com que as pessoas se conscientizem de que se elas protegem a si mesmas, protegem também aos outros.”

 

Cooperação entre Sinovac e Butantan

Durante a visita ao Brasil, a comitiva da Sinovac visitou as obras da fábrica na qual o Butantan, em breve, produzirá a CoronaVac. De acordo com o presidente do instituto, Dimas Covas, a construção está em ritmo acelerado e a expectativa é que a parte civil seja concluída ainda em 2020. A fábrica deve entrar em operação no ano que vem. 

Além de trabalhar no processo de transferência de tecnologia da CoronaVac (iniciada com os primeiros passos da produção da vacina no Butantan e que continuará até que a nova fábrica entre em operação), a comitiva chinesa discutiu outros aspectos com os cientistas brasileiros, como a cooperação em outros tipos de vacinas, em codesenvolvimento e complementação de portfólio. “Nós consideramos o Butantan um parceiro estratégico globalmente, especialmente na realização de estudos clínicos no Brasil e na colaboração na produção”, explicou Weining.