O Instituto Butantan anunciou nesta quarta (4) o início do projeto Lab Móvel, um laboratório itinerante para o diagnóstico e sequenciamento genômico do vírus SARS-CoV-2, que tem como objetivo acelerar o processo de testagem dos casos suspeitos de Covid-19 e aprimorar o monitoramento das variantes do vírus no estado de São Paulo. A primeira parada do Lab Móvel será o município de Aparecida, na região de Taubaté.
"O projeto começa agora, mas não tem data para acabar. O objetivo é sermos mais ágeis e assertivos para entender quais regiões precisam de mais atenção", afirma a diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Butantan, Sandra Coccuzzo. A previsão é que o veículo permaneça em Aparecida por uma semana e realize o diagnóstico de até 500 amostras.
“O contêiner é uma unidade itinerante de alta complexidade para fazer a identificação de grande volume no local onde as variantes estão sendo identificadas. É um laboratório extremamente complexo do ponto de vista dos equipamentos”, explicou em coletiva de imprensa o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. O laboratório possui três sequenciadores genéticos, centrífuga, seladora, geladeira e freezer para armazenamento de amostras, entre outros equipamentos.
O resultado das análises feitas dentro do Lab Móvel sairá em até 24 horas. O sequenciamento genômico das amostras positivas começará em seguida, podendo durar de três a seis dias. Atualmente, os laboratórios da Rede de Alertas das Variantes do SARS-CoV-2, gerenciada pelo Butantan, levam de dez a 12 dias para realizar todo o processo entre a testagem e o sequenciamento genômico do vírus.
De acordo com Dimas, Aparecida do Norte foi escolhida para receber a primeira visita do veículo por ser uma região turística e de grande fluxo rodoviário, especialmente vindo do estado do Rio de Janeiro. “Com o Lab Móvel nós temos os instrumentos para identificar rapidamente a variante, sua importância epidemiológica na região e tomar as medidas que forem necessárias. Isso deve ser feito no estado inteiro”, assinalou o presidente do Butantan.
Os moradores das cidades que irão receber o laboratório itinerante poderão acompanhar os trabalhos dos pesquisadores: a estrutura do veículo, de mais de 12 metros de comprimento e quase 3 metros de altura, conta com uma parte de vidro que permite a observação dos procedimentos. “A iniciativa vai permitir que as pessoas vejam os equipamentos e cientistas do instituto em ação, aproximando ainda mais a ciência da população brasileira”, afirma Eduardo Araújo, CEO da Loccus, parceira do Butantan no projeto.
Sobre o Lab Móvel
Os municípios que manifestam interesse em receber o laboratório se responsabilizam por realizar as coletas de amostras em suas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e encaminhá-las ao laboratório itinerante. Lá, por sua vez, os especialistas realizam o diagnóstico e separam as amostras positivas para iniciar o sequenciamento e identificar as variantes.
O sequenciamento é necessário porque os vírus sofrem mutações, ou seja, alterações em seus códigos genéticos, gerando variantes. Para realizar o mapeamento das variantes é necessário, em primeiro lugar, extrair o RNA da amostra coletada. Em um segundo momento, essas moléculas passam por um processo de conversão para DNA que, posteriormente, é multiplicado em diversas cópias que são inseridas no sequenciador. Um computador libera os resultados e a análise é realizada por especialistas conhecidos como bioinformatas.