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Mortes de Lemos Monteiro e Edison Dias por febre maculosa conscientizaram sobre importância de segurança na pesquisa clínica

Pesquisadores se infectaram e faleceram em 1935, após manipularem carrapatos na busca de uma vacina contra a doença


Publicado em: 04/07/2023

No início da década de 1930, a cidade de São Paulo vivia um surto que acreditava-se ser “tifo exantemático”, uma doença febril aguda atribuída à picada de piolhos, mas que aqui no Brasil estava associada ao parasitismo por carrapatos, atualmente conhecida por Febre Maculosa Brasileira. A doença era fatal em 60% a 80% dos casos e, por isso, era chamada pela imprensa de “entidade mórbida”; “terrível moléstia”; “o mal” e “peste das trincheiras” – esta última porque o tifo havia vitimado dezenas de combatentes na Europa anos antes, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A doença das trincheiras normalmente é atribuída a infecção causada por bactérias do gênero Bartonella, que ocorria em conjunto com a infecção pela bactéria Rickettsia prowazekii na mesma época.

O primeiro diagnóstico de Febre Maculosa Brasileira em São Paulo data de 1900, feito pelo Laboratório de Bacteriologia do Estado de São Paulo (atual Instituto Adolfo Lutz). Acreditava-se que estava relacionado à entrada de milhares de imigrantes europeus pelo porto de Santos. 

A ascensão de casos nos anos seguintes preocupou as autoridades que queriam evitar a disseminação da doença. Na capital paulista, 61 pessoas haviam morrido em 1929 devido à doença. A maioria dos casos era de moradores dos bairros de Cerqueira Cesar, Pinheiros e Perdizes, mais urbanizados, mas ainda rodeados de áreas de mata e próximos do rio Pinheiros, ou seja, áreas propícias para a proliferação ou encontro de carrapatos.  Assim, a Diretoria de Serviço Sanitário de São Paulo criou uma comissão de especialistas para tentar conter o problema.

Lemos Monteiro fez história no Butantan e na Ciência

 

Na comissão estava o higienista José Lemos Monteiro (1893-1935), um dos principais pesquisadores do Instituto Butantan, que já havia se destacado nacional e internacionalmente por trabalhos sobre soros contra a varíola, febre amarela, difteria e contra o próprio tifo exantemático. 

Ele e Edison de Andrade Dias, o primeiro auxiliar de laboratório da “Secção de Thypo Exanthematico do Instituto Butantan”, criada em 1929, se trancaram em um anexo de um pavilhão do Instituto, construído exclusivamente para o desenvolvimento de uma vacina contra febre maculosa. No espaço, eles cultivavam carrapatos, conhecidos popularmente por carrapato-estrela, dos quais extraiam e cultivavam as riquétsias, bactérias que parasitam artrópodes e são causadoras da doença em humanos. 

Vale ressaltar que, na época, o carrapato era generalizadamente identificado como da espécie  Amblyomma cajennense, e após estudos moleculares pelo grupo de pesquisador Santiago Nava, do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária da Argentina, em 2014, verificou-se que a espécie que ocorria naquela região é o Amblyomma sculptum, que é considerado um dos vetores de febre maculosa no Brasil.

Em 1933, Lemos e Edison estudavam o potencial imunogênico de uma vacina experimental, injetando-a em cobaias e neles mesmos. Tudo indicava que estavam imunizados, mas em menos de dois anos eles foram infectados e morreram em alguns dias. No dia 19 de outubro de 1935, Edison começou a desenvolver sintomas e, dias depois, foi o médico quem adoeceu. 

 

Edison Dias trabalhou com Lemos Monteiro na busca por uma vacina contra o tifo exantemático

 

Edison Dias faleceu em 31 de outubro, e Lemos em 6 de novembro de 1935, ambos internados no antigo Hospital do Isolamento, atual Instituto de Infectologia Emílio Ribas. A infecção foi atribuída à manipulação de carrapatos, embora nunca tenha sido esclarecida a forma de como foram infectados. 

“Há duas versões: como os carrapatos eram triturados para fazer a vacina, acreditou-se que a contaminação poderia ter ocorrido por via aérea, pela aspiração das emanações [partículas bacterianas] originadas das triturações. A outra teoria propõe que as riquétsias poderiam ter infectado os especialistas, adentrando-se através de pequenos ferimentos da pele”, conta o pesquisador Carlos Jared, diretor do Laboratório de Biologia Estrutural do Butantan, localizado no prédio onde ocorreu o fatídico acidente. 

 

O pesquisador científico do Butantan Carlos Jared em frente ao Pavilhão Lemos Monteiro

 

Dois cientistas

O médico Lemos Monteiro era natural de Juiz de Fora (MG). Começou os estudos na Faculdade de Medicina de São Paulo, mas formou-se médico pela Escola de Medicina de Belo Horizonte. Ele frequentou o Instituto Manguinhos, chefiado por Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, entre 1917 e 1918, onde se especializou em doenças infecciosas.

Em 1919, foi admitido no Instituto Serumtherapico do Estado de São Paulo, instituição que, por decreto de 1925, passou a ser denominada Instituto Butantan. Durante o seu período ativo, Lemos Monteiro atuou nas áreas consideradas mais promissoras da instituição. Em 1922, tornou-se o responsável pela Seção de Peste; em 1926 foi o encarregado do preparo do soro diftérico; em 1928 criou a Seção de Vírus do Instituto, acompanhando trabalhos sobre transmissão experimental da febre amarela no Rio de Janeiro e, em 1929, liderou a Seção de Tifo Exantemático. 

 

Lemos Monteiro, já formado médico, foi especializar-se em doenças infecciosas no Instituto Manguinhos (atual Fiocruz)

 

Apesar da curta carreira, Lemos Monteiro publicou 76 artigos científicos, muitos deles veiculados em revistas científicas internacionais de renome. Ele vivia o auge da carreira científica quando morreu, deixando a esposa e dois filhos pequenos.

Já o técnico Edison Andrade Dias foi admitido como servente no Instituto Serumtherapico do Estado São Paulo em 1917, promovido a auxiliar de laboratório em 1922 e em 1925, tornou-se auxiliar técnico do então denominado Instituto Butantan. Edison era bastante dedicado no auxílio das pesquisas de Lemos e também deixou esposa e dois filhos.

 

Livro número 1 registra a admissão de Edison Dias no Instituto Serumtherapico em 1919

 

Comoção e homenagens

As mortes de Lemos Monteiro e Edison Dias causaram grande comoção nos dias e anos seguintes. O prédio onde estava o laboratório no qual eles desenvolviam as pesquisas foi batizado de Pavilhão Lemos Monteiro e uma placa de bronze foi instalada na entrada. Outra placa de bronze foi emoldurada em homenagem a Edison Dias na parede na sala onde o acidente aconteceu. 

O renomado cientista Afrânio do Amaral (1894-1982), diretor do Instituto à época, lamentou as mortes dos estudiosos no relatório do Butantan de 1935

“O Instituto lamenta a perda de dois de seus mais dedicados técnicos, o dr. José Lemos Monteiro e o sr. Edison Dias, vítimas do dever e de sua dedicação à ciência. Essa perda repercutiu dolorosamente nos meios nacionais e estrangeiros e o governo paulista resolveu prestar especiais homenagens à memória dos dois queridos mortos, fazendo-lhes os funerais às custas do Estado e dando-lhes os nomes, respectivamente, ao novo pavilhão anexo ao Departamento Experimental e à sala em que se contaminaram com o germe da febre exantemática, que os vitimou.”

 

Placa da sala onde ocorreu o acidente com Lemos Monteiro e Edison Dias permanece até hoje

O médico Raul Godinho, então chefe da Seção de Varíola do Butantan, que trabalhava diretamente com Lemos e Edison, demonstrou surpresa com o acidente e comoção com a perda dos dois funcionários, ressaltando que os óbitos mostravam as limitações do imunizante em estudo.

“A nova moléstia que atacou os dois batalhadores da ciência foi para nós uma chocante surpresa, pois que ambos se encontravam imunizados contra o tifo exantemático, por vacina, que lhes foi aplicada há não menos que dois anos”, declarou ao jornal Correio do Estado na edição de 9 de novembro de 1935. “Só uma circunstância, aqui, nos leva a uma conclusão aceitável: é que os efeitos da vacina antitífica não são tão duradouros quanto nós prevíamos. Foi uma experiência, uma dolorosa experiência em que foram sacrificados dois dos mais dedicados estudiosos do ‘mal de após guerra’”, completou.

Nos quatro anos seguintes, trabalhadores do Instituto Butantan homenagearam os colegas em uma romaria anual até seus túmulos no cemitério da Consolação.

Lemos Monteiro foi homenageado com o nome de uma espécie de ácaro parasita de roedores, Ornithonyssus monteiroi, por Flávio da Fonseca em 1941e também por uma nova espécie de Rickettsia isolada de carrapatos neste século, Rickettsia monteiroi, pelo grupo do pesquisador Marcelo B. Labruna, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo, em 2011. 

 

Funcionários do Instituto Butantan visitam os túmulos de Lemos Monteiro e Edison Dias no cemitério da Consolação em 1939

 

Mortes acidentais de outros cientistas

Em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo de 8 de novembro de 1935, o parasitologista e liderança científica do Butantan Flávio da Fonseca (1900-1963) homenageou Lemos Monteiro, lembrando que o destino do colega foi semelhante aos de outros renomados cientistas que morreram de tifo após acidentes de laboratório.

“Escolheste o momento glorioso; o que te equiparou a vultos por que chora ainda a ciência mundial; partes, como o fizeram Ricketts e Prowazek, colhidos também pelo typhus que pesquisavam. [...] Brilhas hoje como astro de grandeza igual nesta constelação de oferecidos em holocausto à ciência, mas isso não nos consola de seu desaparecimento”, disse Flávio em discurso reproduzido pela publicação.

O parasitologista se refere ao patologista norte-americano Howard Taylor Ricketts (1871-1910), que no início do século 20 identificou a bactéria causadora da febre maculosa das Montanhas Rochosas, que passou a ser conhecida Ricketsia rickettsii, sendo os carrapatos os principais vetores da transmissão. Ricketts morreu de tifo exantemático causado por Rickettsia prowazekii após uma contaminação acidental em laboratório, em 3 de maio de 1910, aos 39 anos, na Cidade do México, após contaminação acidental.

Ele também cita o bacteriologista tcheco Stanislas von Prowazek (1875-1915) que confirmou que o tifo exantemático era transmitido por piolhos e não carrapatos. Ele também foi infectado acidentalmente em seu laboratório e faleceu em 17 de março de 1915 aos 40 anos. 

Em seu discurso, Flavio da Fonseca também homenageou Edison Dias: “quis o destino inclemente que, companheiros de tantos riscos na vida de laboratório fossem companheiros no fim absolutamente idênticos que tiveram. Edison era bem o espelho do que são os bons auxiliares de laboratório entre nós: tão interessado nos resultados das pesquisas, quanto desinteressado dos proventos e das glórias, que só lhes cabem por exceção dolorosa como esta”.

 

Lemos trocava informações de suas pesquisas com a Universidade Harvard

 

Lemos Monteiro mudou forma de ver a doença

Em 1909, o bacteriologista francês Charles Nicolle (1866-1936) demonstrou que o tifo exantemático era transmitido por piolhos, mas foi o cientista brasileiro Henrique da Rocha Lima (1879-1956), então pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), quem descobriu o agente causador da doença também chamada de tifo epidêmico alguns anos depois, em trabalho inicialmente feito com Prowazek no IOC.

Com base na descoberta do cientista francês, eles examinaram os intestinos dos piolhos coletados em soldados doentes ou mortos pelo tifo ao serem enviados para o campo de prisioneiros de Cottbus. Com a morte do colega tcheco, o brasileiro, que também tinha se infectado, mas havia se recuperado, continuou os estudos. 

Em 15 de fevereiro de 1916, Rocha Lima anunciou a descoberta do micro-organismo causador do tifo exantemático. Era uma pequena bactéria que se desenvolvia no interior das células intestinais dos piolhos, agente que ele nomeou de Rickettsia prowaseki para homenagear os dois cientistas mortos durante as pesquisas do tifo. 

“Além de introduzir o conceito de Rickettsias como uma nova classificação de micro-organismos e descobrir o agente que provocava o tifo, Rocha Lima ainda esclareceu a distribuição da doença, sua epidemiologia e profilaxia, viabilizando a produção de soros e vacinas”, descreve sua minibiografia no Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz.

 

Pesquisas de Lemos Monteiro mudariam os rumos do diagnóstico da doença

Apesar das descobertas, a morte de Lemos Monteiro e de Edison Dias foram atribuídas ao que acreditava-se ser tifo exantemático, mas depois de pesquisas ficou claro ser febre maculosa brasileira causada por Rickettsia rickettsii, ainda que sabidamente eles tenham tido contato com carrapatos, não com piolhos. 

A confusão fazia sentido na época porque o tifo, na realidade, é o nome genérico de várias doenças causadas pelas bactérias do gênero Rickettsia, e na ocasião as equipes sanitárias da cidade também investigavam mortes causadas por pessoas que viviam em meio a infestações de piolhos e pulgas. Pouco tempo depois, a morte dos dois cientistas do Butantan passou a ser atribuída à febre maculosa.

Na sequência das descobertas, foram as experiências de Lemos Monteiro que vieram definitivamente a incriminar o Amblyomma sculptum (antigo Amblyomma cajennense) como o vetor mais provável da Rickettsia brasiliensis. Ele havia estudado o agente causador em vários aspectos, coletando carrapatos em locais próximos aos surtos de febre maculosa nas proximidades de pessoas doentes. Com isso, suas pesquisas demonstraram que o carrapato infectado era o portador da bactéria responsável pelo tifo exantemático de São Paulo, denominada por Lemos Monteiro como Rickettsia brasiliensis, e que esse carrapato estava relacionado à febre maculosa. 

A partir de então, ele intensificou a troca de correspondências com cientistas estrangeiros para a colaboração mútua e a consolidação de mais esclarecimentos sobre os diferentes agentes transmissores.

 

As descobertas de Lemos Monteiro eram fruto de interesse de institutos de pesquisa internacionais

 

“Apesar de ambos agentes etiológicos pertencerem ao gênero Rickettsia, eles são diferentes na espécie: o agente do tifo exantemático é a Rickettisia prowazekii e é transmitida pelas fezes do piolho humano [Pediculus humanus humanus], e o agente da febre maculosa é a Rickettsia rickettsii, transmitida pelo carrapato Amblyomma sculptum, o qual precisa ficar pelo menos quatro horas fixado na pele da pessoa”, explica a médica veterinária e pesquisadora do Laboratório de Imunopatologia do Instituto Butantan Monica Colombini.

 

Padrão de segurança mudou

Além da imensa comoção pelas mortes de Lemos Monteiro e Edison Dias, a tragédia surpreendeu a comunidade científica porque o laboratório construído no Butantan era equipado contra acidentes e considerado seguro. O pavilhão foi inaugurado em 1920 para ser sede do Instituto de Veterinária, o berço da Faculdade de Medicina e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP). Porém, ele também serviu de diretoria e residência do médico e fundador do Butantan, Vital Brazil (1865-1950); abrigou a biblioteca e o Museu Biológico, e depois tornou-se sede de diversos laboratórios – o que é até hoje. 

O Correio do Estado descreveu na época a estrutura do laboratório onde se desenvolvia a vacina em 1935. 

“Salas de estufa, gabinetes de esterilização de lavagem, sala onde, em gaiolas, se agitam as beneméritas cobaias. Entramos, afinal, na sala de experimentações em que o dr. Lemos e seu assistente técnico prepararam, há poucos dias, o último soro contra o typho exantemático. [...] A mesa colocada no fundo e onde é colocada nas horas de experimentações creolina, phenol ou outro qualquer desinfetante fatal para os carrapatos. De facto, verificamos que são sutis os cuidados que se tomaram naquela sala de experimentações para evitar a ‘escapada’ de um ou mais carrapatos.”

 

Os pesquisadores científicos Monica Colombini e Carlos Jared mostram a antiga estufa do laboratório de Biologia Estrutural do Instituto Butantan

 

Porém, Carlos Jared ressalta que o padrão de segurança no começo do século 20 em nada pode ser comparado à segurança preconizada hoje, quase 100 anos depois. Além de equipamentos de última geração, há uma série de exigências sanitárias para a produção de imunobiológicos que foram regulamentadas nas últimas décadas e não existiam então.

“Não havia o uso de equipamentos de proteção individual, nem mesmo luvas eram usadas com frequência, o que aumentava o risco de contato com agentes patológicos. Se houvesse um controle como conhecemos hoje, certamente não teria acontecido o acidente”, ressalta o pesquisador científico do Butantan e doutor em História da Ciência.

Para ele, a tragédia ocorrida com Lemos Monteiro e Edison Dias foi um sinal de que as práticas de segurança laboratorial precisavam ser aprimoradas na ciência brasileira como um todo. O Instituto, que já reunia uma competente e consagrada equipe de pesquisadores, vem, desde então, aprimorando suas boas práticas de laboratório, explica Carlos.

 

Manuseio de cobaia usada para pesquisa com carrapatos Amblyomma cajennense sem o uso de luvas nos anos de 1930

 

No laboratório de Imunopatologia, por exemplo, logo abaixo da placa em homenagem a Edison Dias, é possível ver um cartaz intitulado “Práticas para uma vida científica”, com 11 preceitos para os pesquisadores que ali trabalham.

“A comoção produzida pela morte dos dois trabalhadores da ciência causou um grande choque, o que, na época, propiciou melhoras nas condições de trabalho com agentes patogênicos. Entretanto, passados quase noventa anos, ainda não se obteve uma vacina efetiva para a febre maculosa, a despeito de ser uma doença extremamente letal”, reflete Carlos 

Para Carlos Jared, a fato de ainda não existir uma vacina contra a doença de alta mortalidade tem uma razão específica.

“Nesse contexto, acho que pode ser considerada uma doença negligenciada. Em comparação com a potencialidade mortífera das epidemias, o pequeno número de contaminados com a febre maculosa parece não mobilizar as instituições científicas de saúde pública, mais preocupadas com a população”, conclui Carlos Jared.

 

Cartaz afixado no Laboratório de Biologia Estrutural do Butantan, na mesma sala onde ocorreu o acidente com os cientistas

 

Reportagem: Camila Neumam

Fotos: Renato Rodrigues; Marília Ruberti e Centro de Memória Butantan

*Colaboraram com o texto os pesquisadores do Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan Isabella Pereira Pesenato, Fernando de Castro Jacinavicius e Ricardo Bassini-Silva.