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Transformar pesquisa em produtos e melhorar a comunicação sobre pesquisa são os desafios da ciência no Brasil, apontam MCTI e Fapesp

Autoridades e cientistas participam do workshop Emerging Infectious Diseases: Biology, Prevention and Treatment


Publicado em: 08/11/2022

Fazer com que o conhecimento produzido nos institutos e universidades se transforme em bons produtos capazes de serem aprovados pelas instâncias regulatórias e mostrar à sociedade o que é e como é feita a ciência no Brasil. Esses são os principais desafios para quem trabalha com pesquisa no país, de acordo com autoridades e cientistas que participaram na segunda (7), em São Paulo, do workshop Emerging Infectious Diseases: Biology, Prevention and Treatment (Doenças Infecciosas Emergentes: Biologia, Prevenção e Tratamento, na tradução em português), que ocorre até sexta (11) no Instituto Butantan, e é promovido pelo International Centre for Genetic Engineering and Biotechnology (ICGEB).

“Nosso principal desafio é focar em produção em ciência e saúde para ter bons produtos certificados pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]”, resumiu o secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcelo Marcos Morales. “Se não organizarmos a cadeia para ter a ciência e ter os produtos, nós não teremos independência nesse país. Não é só produzir artigos: é produzir produtos, kits para diagnósticos, vacinas.” De acordo com Marcelo, os pesquisadores brasileiros têm dificuldade para tirar a ciência dos laboratórios e fazê-la chegar à população, superando desafios como boas práticas de ensaios clínicos e procedimentos regulatórios.

Já para o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Marco Antonio Zago, a comunicação é chave. Segundo ele, os cientistas, nos laboratórios, não percebem o quão importante é saber falar para a população geral sobre seus estudos. “No final, é a sociedade que nos dá dinheiro para trabalhar e nós deveríamos falar para eles o que nós fazemos, como fazemos, e eles precisam entender. Se eles não entendem, vão achar que o que nós fazemos não é importante”, apontou. Para Marco Antonio, o período da pandemia colocou a ciência nos lares e no dia a dia das pessoas, e é de responsabilidade dos pesquisadores manter essa comunicação.

Marcelo Morales e Marco Antonio Zago participaram da sessão inaugural do workshop, evento anual do ICGEB que reúne, pela primeira vez no Brasil, especialistas de 12 diferentes países, como Itália, Egito, Índia, Argentina, Nigéria, Equador, Peru, entre outros. “É um prazer para nós do Butantan co-hospedar esse importante encontro, que é primordial para nosso objetivo de cooperar em futuras iniciativas com o ICGEB”, apontou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas. O ICGEB é uma entidade internacional que faz parte do sistema comum da Organização das Nações Unidas e que reúne mais de 80 países signatários com o propósito de usar a ciência para o desenvolvimento. O Butantan recebe o encontro em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).

Em sua fala na abertura do workshop, o diretor geral do ICGEB, Lawrence Banks, elogiou a comunidade científica brasileira e ressaltou como as doenças emergentes, foco principal do evento, se tornaram ainda mais relevantes após a pandemia de Covid-19. O virologista ressaltou como pesquisadores de diferentes áreas se uniram para tentar resolver os desafios trazidos pelo SARS-CoV-2, mostrando a flexibilidade da ciência. “A pandemia mostrou a flexibilidade e a capacidade da comunidade científica, que até então não havia sido completamente realizada. Hoje sabemos nosso potencial para responder a futuras pandemias.”

Também participaram da sessão de abertura do workshop do ICGEB o secretário executivo da Secretaria Extraordinária de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, Carmino Souza, o pró-reitor de Pesquisa da USP, Paulo Nussenzveig, e o diretor de estratégia institucional do Butantan, Raul Machado Neto.

Clique aqui para assistir à programação completa do primeiro dia do encontro do ICGEB.