Pesquisadores descobrem que rãs da caatinga brasileira ficam enterradas na areia, sem comer, por mais de dois anos
Publicado em:
04/04/2019
O casal de pesquisadores Carlos Jared e Marta Maria Antoniazzi, do Laboratório de Biologia Celular do IB, acompanharam ao longo de quase três décadas o comportamento das rãs do município de Angicos, na caatinga do Rio Grande do Norte, descobrindo a capacidade desses animais de sobreviverem enterrados na areia sem comer por mais de dois anos.
Em 1992, após uma chuva fraca durante o dia, os pesquisadores presenciaram a aparição das rãs, que começaram a brotar em grande quantidade do chão arenoso, dando a impressão de estarem à procura de poças d’água para se alimentar e acasalar.
Durante a seca, para se defender da desidratação, as rãs se enterram ou procuram micro-habitats, onde exista umidade e a temperatura se mantenha mais fria em relação ao meio ambiente.
Segundo Carlos Jared, este é um fenômeno chamado de estivação, semelhante à hibernação, só que causado pelo calor e pela seca. "Pode -se definir a estivação como o estado de letargia em que esses animais entram em um longo sono, quando as condições climáticas se tornam muito secas e quentes”, explica Jared.
O artigo, publicado no último dia 20 pela Acta Zoologica (revista científica, editada pela Real Academia Sueca de Ciências), foi divulgado na semana passada pela revista científica britânica Nature, conhecida internacionalmente pela alta qualidade de publicações dentro da comunidade científica. O artigo também foi publicado pelo site da revista.
“Estar inserido nesse universo é muito gratificante, eu sinto que meu trabalho está dando certo. Além disso, o Butantan também fica com mais visibilidade lá fora”, diz Jared, orgulhoso pelo trabalho.
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