O subestudo de sorologia do Projeto S, publicado recentemente na revista IJID Regions, da Sociedade Internacional de Doenças Infecciosas, voltou a comprovar a segurança e eficácia da vacina em idosos, inclusive na dose de reforço. Entre as pessoas acima de 60 anos em Serrana (SP), 96% receberam a CoronaVac como terceira dose, seis meses após terem recebido o esquema inicial do mesmo imunizante. Após um ano de acompanhamento, quase 100% dos idosos ainda apresentavam produção de anticorpos contra a Covid-19.
“Quando foi recomendada uma terceira dose pelo Ministério da Saúde, em setembro de 2021, muitos questionaram se a CoronaVac seria a vacina ideal para proteger a população idosa. Nosso estudo mostrou que, sim, o reforço da CoronaVac é seguro e eficaz nesse público”, afirma o diretor de Atenção à Saúde do Hospital Estadual de Serrana e principal autor do artigo, Gustavo Volpe.
Os cientistas analisaram amostras de sangue coletadas no 4º, 7º, 10º e 13º mês após a segunda dose. Ao final de um ano, os níveis de diferentes anticorpos IgG específicos tiveram um aumento significativo em relação à pré-vacinação: 0,6 vs. 236,6 U/mL (anti-RBD), 0,2 vs. 108,1 COI (anti-N) e 57,7 vs. 596,7 BAU/mL (anti-S). Na última coleta, a produção de anticorpos estava em 100%, 97,5% e 95,6%, respectivamente.
A terceira dose, administrada seis meses após a segunda, teve um papel importante para aumentar e manter os anticorpos ao longo do tempo. Após o reforço, no 7º mês, os títulos de anticorpos estavam maiores em relação ao 4º mês: 53,8 vs. 218,7 U/mL (anti-RBD), 2,2 vs. 51 COI (anti-N) e 57,7 vs. 332,6 BAU/mL (anti-S). Níveis elevados foram mantidos até o 13º mês.
“Nós não observamos maiores taxas de infecção, doença grave ou mortalidade nas pessoas que tomaram três doses de CoronaVac em comparação com quem tomou outra vacina como reforço”, ressalta Gustavo.
A manutenção da imunidade nos idosos vacinados com a CoronaVac condiz com os resultados de efetividade demonstrados anteriormente no Projeto S, que imunizou 27 mil pessoas em Serrana. A proteção do imunizante nesse público foi até maior do que o observado em outras faixas etárias: 86,4% para casos sintomáticos, 96,9% contra hospitalizações e mortes e 96,9% contra mortes.
Dados de eficácia e efetividade da CoronaVac já foram demonstrados em diferentes estudos. Uma pesquisa realizada a nível nacional no Brasil, com 60,5 milhões de pessoas, mostrou que a proteção em idosos foi de 84,2% contra hospitalizações, 80,8% contra internações em UTI e 76,5% contra mortes. Em outro trabalho conduzido na Colômbia com 700 mil voluntários, a vacina reduziu em mais da metade o risco de internação e morte por Covid-19 em idosos.
Mais estudos sobre o desempenho do imunizante no público acima de 60 anos podem ser conferidos no capítulo 5 do Dossiê CoronaVac.
Reportagem: Aline Tavares
Fotos: Marília Ruberti e Mateus Serrer/Comunicação Butantan