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No aniversário de Vital Brazil, conheça a história do médico sanitarista e cientista que fundou o Butantan


Publicado em: 28/04/2021

No dia 28 de abril de 1865, há 156 anos, nasceu Vital Brazil Mineiro da Campanha. Médico e pesquisador, foi um dos fundadores e primeiro diretor do Instituto Butantan, pioneiro no estudo do tratamento de acidentes por envenenamento por cobra e um dos maiores sanitaristas que o Brasil já viu. O Butantan de hoje, com sua produção de vacinas, soros e pesquisas em medicamentos, vocação pela divulgação científica e inovação constante, é uma herança do legado desse grande sanitarista.

Vital Brazil nasceu em Campanha, interior de Minas Gerais, e veio para São Paulo com a família em 1880, aos 15 anos. No Rio de Janeiro, cursou a Faculdade de Medicina, de 1886 a 1891, e depois voltou a São Paulo.

Após um período como funcionário do Serviço Sanitário de São Paulo, em 1897 começou a trabalhar no Instituto Bacteriológico, sob a orientação de Adolfo Lutz. Em 1899, devido ao surto de peste bubônica que se propagava a partir de Santos (SP), foi convidado pela administração pública estadual a dirigir um recém criado laboratório de produção de soro para combater a doença.

Instalado na então Fazenda Butantan, na zona oeste do município de São Paulo, o laboratório foi batizado de Instituto Serumtherápico e é o embrião do atual Instituto Butantan.

Na virada dos séculos XIX e XX, Vital Brazil combateu – ao lado de seus contemporâneos Oswaldo Cruz, Emílio Ribas e Adolfo Lutz – diversas epidemias e doenças, como a febre amarela, cólera, varíola e peste bubônica, sempre com foco em saúde pública e medicina tropical. Vital Brazil dirigiu o Butantan por 20 anos, até 1919, e por mais quatro anos a partir de 1924.

Por ter crescido no interior mineiro, distante dos centros urbanos, Vital Brazil se interessava pelo tratamento de acidentes com animais peçonhentos – um problema que causava inúmeras mortes, mas que recebia pouca atenção das autoridades de saúde. As pesquisas assinadas por ele são pioneiras na produção dos soros específicos contra venenos de animais peçonhentos (serpentes, escorpiões e aranhas).

Em relação a esse assunto, a grande descoberta de Vital Brazil à ciência mundial, publicada internacionalmente em 1921 no livro “Defesa Contra o Ophidismo", foi que os soros antiofídicos precisavam ser específicos. Ou seja, era preciso ter um tipo específico de soro para acidentes com cada tipo de cobra.

A partir de 1902, o Butantan já fornecia soros para o tratamento de acidentes de animais peçonhentos aos órgãos do Serviço Sanitário Paulista, bem como aos proprietários agrícolas e clínicos da capital, de cidades do interior e de outras regiões do país. Um dos primeiros soros a ser produzido nessa linha foi o soro anticrotálico, para tratar os acidentados por cascavéis, e, em seguida, o soro antibotrópico, relacionado a acidentes com jararacas. Em 1917, quando recebeu a patente do soro antiofídico, doou-a ao governo brasileiro.

Ao longo de sua vida, Vital Brazil criou, cofundou e colaborou com diversas revistas científicas, escreveu livros, publicou dezenas de artigos científicos, em diferentes línguas e periódicos. Além da criação do Instituto Butantan, foi idealizador do Instituto Vital Brazil, em 1919, em Niterói (RJ).

Vital Brazil foi casado duas vezes: com Maria da Conceição Philipina de Magalhães, que faleceu em 1913 e com quem teve nove filhos; e com Dinah Carneiro Vianna, com quem também teve nove filhos. Ele faleceu devido a uma uremia (concentração abusiva de ureia no sangue) em 8 de maio de 1950, em sua casa, no Rio de Janeiro.

Com informações do Instituto Vital Brazil