O Butantan, como maior produtor de vacinas e soros da América Latina, e reconhecido centro de pesquisa e ensino de ciência e saúde pública, armazena, em seus laboratórios diversos tipos de vírus e bactérias usados em estudos científicos. O objetivo é fornecer subsídios para a pesquisa e atualização de imunobiológicos, principalmente soros e vacinas, que são posteriormente fornecidos ao Ministério da Saúde e distribuídos gratuitamente à população por meio do Sistema Único de Saúde.
Excepcionalmente, o Butantan cede materiais de pesquisa a instituições parceiras para que sejam utilizadas em estudos com outros objetivos – em prol da pesquisa científica como em geral e confiando que os pesquisadores envolvidos irão seguir os procedimentos preconizados de pesquisa científica amplamente conhecidos.
Foi seguindo esse princípio que o Butantan cedeu, a pedido, o vírus da Zika que estava armazenada em seus laboratórios, não “limpo”, para pesquisa sobre tumores cerebrais sob supervisão da professora Dra. Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo. Conforme amplamente conhecido pela pesquisadora envolvida, o material só pode ser usado em estudo acadêmico realizado em animais.
A colaboração do instituto para a realização da pesquisa foi feita mediante as condições de infraestrutura e capacidades laboratoriais existentes – o Butantan não tem infraestrutura que garanta as boas práticas dos estudos em humanos.
Diferentemente do que tem sido divulgado em redes sociais, o Butantan não tem parceria e nem infraestrutura necessária para fornecer o vírus Zika para terapia de tumor cerebral em humanos. Em hipótese alguma o vírus cedido deve ser usado em humanos, já que se trata de um vírus selvagem patogênico que causa a doença e pode trazer sequelas graves a quem o recebe.
Qualquer pesquisa feita em humanos deve ser feita por uma empresa que deve ser a patrocinadora dos ensaios clínicos. A equipe da pesquisadora Mayana Zatz já possui essa empresa aberta para prosseguimento do estudo, que não é, nem nunca foi, de responsabilidade do Butantan.
O Butantan está desenvolvendo uma vacina contra a doença do vírus Zika, mas não realiza pesquisa contra tumor cerebral.
O instituto lamenta profundamente que essa situação tenha causado falsas expectativas nas pessoas e familiares já sensibilizados pelo acometimento da doença. O Butantan e seus funcionários estão recebendo cobranças e constantes ameaças, que estão sendo apuradas e os responsáveis serão acionados pela justiça.