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Butantan usa expertise em serpentários para auxiliar moçambicanos


Publicado em: 12/03/2019

O Instituto Butantan está desenvolvendo um serpentário na Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, capital de Moçambique. O projeto, denominado Proáfrica, visa estimular e treinar pesquisadores a investigar temas relacionados aos venenos de serpentes locais.

Idealizado pelo pesquisador e professor Wilmar Dias da Silva, em 2005, o Proáfrica foi realizado por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o objetivo de desenvolver métodos de produção de soros antiofídicos específicos para serpentes africanas, preparar técnicos e pesquisadores da universidade nos métodos de captura, manutenção e reprodução de serpentes em cativeiro dentro das normas éticas estabelecidas, treiná-los nos métodos de coleta, controle de qualidade e conservação de venenos de serpentes também em uso na Seção de Venenos do Instituto Butantan, ministrar cursos de imunologia direcionados para produção de soros antiofídicos e implantar o serpentário e planta-piloto para produção local de antivenenos.

“O projeto foi aceito pelo CNPq, porém, me informaram que o Conselho não financiaria as obras internacionais, no caso, a criação do serpentário na Universidade. Ainda assim, eu não desisti e consegui o apoio da empresa Vale (mineradora multinacional brasileira), que fazia exploração em minas de carvão em Moçambique e perdia funcionários por acidentes com serpentes”, conta Wilmar.

 O contrato para a construção do serpentário foi finalmente assinado em 2017. Totalmente financiada pela Vale, no valor de   R$ 300 mil, a obra deve ser concluída até o fim de 2019. A inspeção periódica da construção é realizada pelo arquiteto Silvio   Stefanini Santanna e pelo herpertólogo do Instituto Butantan Sávio Stefanini Santanna.

 Segundo Jussara Maria Rosin Delphino, gerente juridica da Fundação e responsável pela condução da parceria, o projeto   científico também é um ato de ajuda humanitária.  “Os acidentes causados por serpentes são frequentes na África, resultando em incapacidade e óbito, o que estamos fazendo é dando um auxílio no qual somos referência mundial para que esses acidentes diminuam”, diz.

Para Catarina Tivane, Professora Doutora da Faculdade de Veterinária na Universidade Eduardo Mondlane, o projeto trará grandes benefícios a Moçambique. “Em nosso país, temos cerca de 5 espécies de serpentes altamente venenosas, mas não temos nenhuma produção local de soros de antivenenos contra picada dessas serpentes. A construção do serpentário aqui permitirá que possamos produzir os soros antiofídicos localmente. Vai ser benéfico tanto para os animais quanto aos humanos, pois reduzirá o risco de acidentes com serpentes venenosas.”​

(por Fernanda Ribeiro)