A Divisão de Infraestrutura do Butantan localizou, durante a reforma da edificação que vai abrigar a livraria e nova loja, um antigo fosso que foi usado para conter as cobras enviadas pela população. A cavidade foi encontrada no pequeno prédio que fica ao lado do heliponto, atrás do Museu Biológico, onde anteriormente funcionava a lanchonete.
A descoberta parece simples, mas resgata décadas de história. Isso porque o local foi construído em 1953 como recepção de animais, para dar conta da imensa quantidade de serpentes que eram enviadas ao Instituto todos os anos. “Durante a obra atual, foi pedido que fossem removidos pisos e contrapisos na intenção de buscar alguma indicação desse fosso onde as serpentes eram colocadas quando chegavam. Para nossa surpresa, ele estava lá e em boas condições!”, comemora a arquiteta Caroline Tonacci Costa.
Assim que as cobras eram retiradas das caixas, elas eram depositadas nesse fosso, que consistia em uma pequena abertura abaixo do nível do chão, de onde não conseguiam sair – servindo, inclusive, de proteção para os funcionários. O agente de apoio à pesquisa Carlos Rodrigues Paz, que já acumula 43 anos de Butantan, era um dos colaboradores que atuavam na antiga recepção de animais. Ele lembra que todas as cobras eram levadas para lá antes de serem distribuídas. “Algumas iam para os laboratórios, outras para a seção de veneno, para o museu, enfim, variava de acordo com a necessidade”, explica.
Segundo Paz, a recepção de animais foi construída naquele espaço para não atrapalhar outros setores, já que a demanda era muito grande e envolvia vários profissionais. “Nós não ficávamos lá, então éramos chamados para fazer o trabalho. Os técnicos tiravam os animais das caixas e iam passando as informações para as escriturárias, que faziam o registro na máquina de escrever”, recorda-se.
Construída em 1953, a edificação da antiga recepção de animais foi projetada pelo arquiteto modernista Hélio Duarte (1906-1989). Desenvolvida com características arquitetônicas da época, o local tinha toda a fachada de vidro para que a população pudesse assistir à chegada e contagem das serpentes. Ali também ocorria a extração pública do veneno. O tanque deixou de funcionar em 1987. Dois anos mais tarde, a recepção de animais mudou de prédio.
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