Um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Istambul, na Turquia, concluiu que em jovens que recebem a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, o índice de efeitos adversos após a imunização é três vezes menor do que em quem toma vacinas feitas com a tecnologia de RNA mensageiro. O resultado foi descrito em estudo publicado na última segunda (3) no International Journal of Rheumatic Diseases, e baseado no acompanhamento, ao longo de um ano, de 246 adolescentes com idade média de 15 anos.
Dos 145 participantes da pesquisa que haviam tomado a vacina de RNA mensageiro, 107 (74%) experimentaram eventos adversos relacionados à imunização. Dos 32 que tomaram CoronaVac, apenas sete (22%) relataram efeitos adversos. Os sintomas mais comuns foram fadiga, cefaleia, mialgia, artralgia e febre.
Três indivíduos relataram eventos adversos graves, uma vez que necessitaram de hospitalização e tratamento adicional. Uma garota de 20 anos desenvolveu hipertensão após a segunda dose, uma garota de 12 anos apresentou erupção cutânea grave após a primeira dose, e um adolescente de 13 desenvolveu pré-síncope por hipotensão após a primeira dose. Nenhum deles havia tomado CoronaVac.
Esses resultados comprovam, novamente, que a vacina do Butantan e da Sinovac é a que tem o melhor perfil de segurança dentre os imunizantes atualmente em uso contra a Covid-19, seja em adultos, idosos, crianças ou adolescentes.
No grupo investigado havia 126 pacientes com doenças autoinflamatórias, 54 pacientes com artrite idiopática juvenil, 30 pacientes com doença do tecido conjuntivo, nove com vasculite e quatro com febre reumática aguda. O grupo controle foi composto por 23 adolescentes saudáveis. Dos voluntários, 214 pacientes receberam a vacina de RNA mensageiro, 28 tomaram a CoronaVac e quatro tomaram as duas. Antes da imunização, 44 indivíduos haviam contraído Covid-19 e se recuperado, sendo que quatro deles apresentaram infecção assintomática e o restante só sintomas leves. A grande maioria tomava regularmente medicação antes da imunização e continuou após receber a vacina.
De acordo com os pesquisadores, “nosso estudo indica um perfil de segurança aceitável das vacinas contra Covid-19 disponíveis em nosso país [Turquia] e incentiva as crianças com doenças reumáticas a serem vacinadas”.
Nos primeiros dias da pandemia, as crianças eram consideradas como tendo um curso assintomático ou leve de Covid-19, em contraste com os adultos. No entanto, um número crescente de casos pediátricos com síndrome inflamatória multissistêmica em crianças, causada pelo SARS-CoV-2, têm sido descritas com consequências devastadoras, como internação em unidade de terapia intensiva ou até óbito. Portanto, estratégias de vacinação precisam ser bem estabelecidas para crianças, assim como para adultos.
*Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan