Apesar de 4,5 bilhões de pessoas já terem sido vacinadas contra a Covid-19 em todo o mundo, o número de casos e óbitos ainda está em crescimento em todos os continentes, mas estudos indicam que a doença pode ser controlada com a imunização de todas as pessoas. Os dados foram apresentados na videoaula online “A pandemia e a vacinação no Brasil e no mundo”, ministrada pelo presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, médico hematologista e professor titular de medicina clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
“Estamos aprendendo com a pandemia dia após dia. As pessoas que falaram que a pandemia terminaria em 2021 erraram todas. Em 2021, na realidade, vejo o pior momento e estamos em alta”, comenta Dimas. Desde janeiro de 2020, o número de casos cresceu em todo o planeta. Foram duas grandes ondas bem nítidas, com o pico em janeiro de 2021 e em maio de 2021.
Saiba mais: Acelerar segunda dose pode impedir o aparecimento de novas variantes, afirma Dimas Covas
No Brasil, especificamente, a curva epidêmica foi bastante divergente. Em abril e em junho deste ano, o país viveu o pior momento da pandemia. Com a vacinação, os números de casos e mortes caíram, mas a situação ainda está longe do ideal. “São números muito elevados. No dia 8 de agosto, estávamos com uma média móvel, em sete dias, de 32 mil casos diários da infecção e de 940 óbitos”, mostra o presidente do Butantan.
A conclusão de Dimas Covas é a mesma de um artigo publicado na revista científica BMJ Global Health, sobre um estudo da Universidade de Otago Wellington, na Nova Zelândia. Os pesquisadores acreditam que a evolução viral tem seus limites, e que o SARS-CoV-2 vai atingir a capacidade máxima com novas vacinas para enfrentá-lo. De acordo com o estudo, é possível controlar a doença da mesma forma que aconteceu com a varíola e a poliomielite: com a vacinação generalizada.
A pesquisa classifica as doenças em pontos como a imunidade concedida por quem foi contaminado, a cobertura e eficácia das vacinas e os investimentos públicos no desenvolvimento de medidas de proteção. A pontuação ficou em 2,7 para a varíola (erradicada nos anos 1980), 1,6 para a Covid-19 e 1,5 para poliomielite. Ou seja, neste momento, é mais fácil controlar a Covid-19 do que a pólio.
Mais de 152 milhões de pessoas já foram vacinadas no Brasil, um número que corresponde a pouco mais de 20% da população. Mais de 106 milhões de pessoas já tomaram a primeira dose e cerca de 45 milhões tomaram as duas doses ou dose única. “Precisamos evoluir muito nessa cobertura com duas doses para que haja uma proteção maior e possamos chegar à imunidade coletiva”, explica Dimas Covas.