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Estado de São Paulo decreta emergência em saúde para dengue; entenda o que isso significa

Decreto permite recebimento de recursos do governo federal para aceleração de ações de combate à doença no estado e nos municípios


Publicado em: 05/03/2024

O governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, decretou emergência em saúde pública para dengue nesta terça (5). A medida foi feita por recomendação do Centro de Operações de Emergências (COE), já que o estado atingiu 300 casos confirmados de dengue por 100 mil habitantes no dia 4/3. Até o momento, foram registrados casos da doença em 131 dos 645 municípios paulistas, com 31 mortes.

Com a medida, São Paulo se iguala a outros sete estados brasileiros que também decretaram emergência em saúde por dengue: Acre, Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amapá e Distrito Federal. A iniciativa permite o recebimento de recursos adicionais do governo federal, assim como a implementação mais rápida de ações para o estado e seus municípios. 

“O monitoramento realizado pelo estado, desde o ano passado, apontava aumento expressivo no número de casos e a antecipação dos registros em cerca de dois meses. Esse trabalho permitiu que uma série de ações fossem tomadas, evitando cenários mais críticos como os enfrentados pelos estados vizinhos”, ressaltou o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, durante reunião do COE.

Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, os recursos serão destinados, prioritariamente, para aquisição de máquinas de nebulização e insumos, contratação de pessoas e ampliação da capacidade da rede.

Plano de Ação à Emergência

Durante o anúncio do decreto de emergência, o governo de São Paulo também apresentou o Plano de Ação à Emergência em Saúde Pública, que aborda uma sequência de ações construídas a partir da experiência no enfrentamento das transmissões anuais de dengue. 

“O plano foi construído de maneira técnica e seguindo critérios epidemiológicos, sempre se baseando na ciência. Ele nos norteará em ações dos principais eixos envolvidos no controle das arboviroses: vigilâncias epidemiológica, laboratorial e sanitária, controle vetorial, a assistência à saúde, educação, comunicação e mobilização social, para os diversos cenários de transmissão, tanto municipal, quanto regional e estadual”, disse a coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) do estado de São Paulo, Regiane de Paula.

 

 

Como se proteger da dengue

A dengue é causada por um vírus transmitido por meio da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e, em menor proporção, do Aedes albopictus. Seus principais sintomas são febre alta, dor e vermelhidão pelo corpo, prostração e dor atrás dos olhos, que aparecem geralmente em até cinco após a picada. O Ministério da Saúde indica que, na apresentação destes sintomas, é importante procurar atendimento médico. Em algumas pessoas, porém, os sintomas podem se agravar, o que a Organização Mundial da Saúde (OMS), aponta como a dengue com sinais de alerta ou dengue grave.

Nestes casos, surgem outros sintomas preocupantes como dor abdominal, vômitos, desidratação, hematomas e cansaço excessivo, que podem evoluir para uma reação inflamatória por todo o corpo e causar a morte. Se o quadro se agravar, é fundamental procurar ajuda médica o quanto antes.

Uma das formas mais eficazes de combater a doença são as medidas de controle do vetor, ou seja, evitar que o Aedes aegypti se reproduza. Além das medidas de saúde pública, a população tem um papel fundamental neste sentido, que envolve o uso de telas nas janelas e repelentes em áreas de transmissão. Outra medida eficaz é a remoção de recipientes que possam se tornar criadouros do mosquito – geralmente receptores de água parada como caixas d’água, reservatórios, desobstrução de calhas, lajes e ralos.

Vacinação

No começo deste ano, o Ministério da Saúde incorporou a vacina Qdenga contra a dengue, da farmacêutica japonesa Takeda, em seu Programa Nacional de Imunizações (PNI). Mas diante do pouco contingente de doses disponível, em torno de 6 milhões, e por ser aplicada em duas doses, o governo federal voltou a vacinação para um público restrito: crianças de 10 a 14 anos de municípios onde a dengue é endêmica.

O Instituto Butantan desenvolve uma outra vacina contra dengue: a Butantan-DV, que está em fase final de estudos. Sua fórmula com os quatro vírus da dengue atenuados, de dose única, demonstrou uma eficácia média de 80% em  artigo publicado na revista The New England Journal of Medicine

Com a finalização do estudo previsto para junho de 2024, o Butantan pretende enviar todos os dados para análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o segundo semestre deste ano.