Uma terapia inovadora para câncer, que pode custar até US$ 500 mil e já se mostrou capaz de causar remissão da doença em pacientes, deverá ser disponibilizada para a população brasileira pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esse é o objetivo do Programa de Terapia Celular, iniciativa do Butantan, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) e da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, realizada pelo governo do estado de São Paulo. Composto pelos centros Nutera - São Paulo e Nutera - Ribeirão Preto, os núcleos serão as primeiras instalações a produzir a terapia CAR-T em escala totalmente no Brasil.
“Esse novo programa é prova da maturidade e da excelência da ciência que fazemos no Brasil, e tornará nosso país o mais produtor de terapias avançadas para câncer da América Latina. Somos os únicos institutos públicos brasileiros atuando nessa área, em um trabalho que envolve uma equipe de mais de 50 pesquisadores. E nós faremos isso do começo ao fim, com o objetivo de entregar esse tratamento ao SUS e beneficiar a população”, afirma o médico hematologista que lidera a iniciativa, Dimas Covas, presidente do Butantan.
As neoplasias hematológicas (ou cânceres no sangue) são o alvo da tecnologia CAR-T, que “reprograma” as próprias células de defesa do paciente para que elas identifiquem e eliminem o câncer. A terapia desenvolvida no Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto já foi testada de forma compassiva, quando o paciente esgota as opções de tratamento e não obtém resultado. Agora, caminha para a fase 1 do estudo clínico, que será submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deverá começar em outubro com 30 pacientes com linfoma não Hodgkin de células B. Se for provada segura, a terapia seguirá para as fases 2 e 3 em um maior número de voluntários.
A parceria entre Butantan, USP e Hemocentro de Ribeirão Preto vem com a missão de ampliar o acesso à terapia de células CAR-T para a população brasileira. A produção 100% nacional por instituições sem fins lucrativos é uma das grandes vantagens do novo núcleo para permitir a redução dos custos e facilitar a inclusão do tratamento no SU