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É um erro pensar que crianças são imunes à Covid-19, diz imunologista chilena


Publicado em: 23/12/2021

Com a maioria dos idosos e adultos vacinados contra o vírus SARS-CoV-2, muita gente pensa que as crianças estão naturalmente imunizadas. Mas isso é um equívoco, avalia a professora titular na Pontifícia Universidade Católica do Chile, Susan Bueno. Com a vacinação das demais populações, as crianças passam a ser mais suscetíveis à contaminação, como mostra o aumento do número de casos na população pediátrica do Chile, onde a imunização de crianças de três a seis anos começou em dezembro com a CoronaVac, vacina do Butantan e da Sinovac.

À medida que os adultos foram imunizados, a infância ficou mais vulnerável e passou a ser vetor. “Ainda não temos antecedentes suficientes para saber se as novas variantes como a ômicron podem causar enfermidades mais graves nas crianças, mas elas também se infectam, transmitem e podem desenvolver doenças muito severas, como a síndrome multissistêmica inflamatória”, explica a pesquisadora chilena. “Com a vacinação de 12 a 17 anos houve uma diminuição importante tanto de casos assintomáticos quanto severos da doença e, agora que teve início desde os três anos, confiamos também na redução.”

 

Para avaliar os efeitos da nova variante ômicron, que já tem sua transmissão comunitária confirmada no Chile, estão sendo realizadas análises genéticas na capital e em outras regiões. Na Pontifícia Universidade Católica do Chile, além de desenvolverem estudos clínicos em adultos e crianças sobre a capacidade dos anticorpos e das células de memória contra as variantes delta e gama, são coletados materiais necessários também para a avaliação da ômicron. “Ainda não é possível saber daqui a quanto tempo será necessário uma quarta dose ou uma nova dose de reforço e se realmente vai ser preciso. Esta resposta teremos depois dos resultados científicos clínicos”, diz Susan, que não descarta a necessidade de atualizar as vacinas para combater as novas variantes. 

No Chile, idosos e adultos foram vacinados com duas doses de CoronaVac, sendo que parte deles também recebeu como reforço a vacina homóloga de vírus inativado. A outra parte da população recebeu o esquema heterólogo (com vacina de RNA mensageiro ou vetor viral). “Todas as vacinas reforçaram a imunidade, com reativação da memória imunológica, nos estudos de efetividade de mundo real”, explica. A pesquisadora ressalta que a vacinação hoje é a melhor forma de proteção, mas que mesmo imunizadas as pessoas não devem parar com as medidas de prevenção.

Susan Bueno participou do CoronaVac Symposium, organizado pelo Instituto Butantan e pela Sinovac e realizado entre 7 e 9/12. Para saber mais sobre a vacinação de crianças e adolescentes e os últimos estudos sobre a vacina de vírus inativado, é possível assistir às palestras do evento internacional na íntegra, disponíveis no site.