O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, foi o vencedor na categoria Ciência e Saúde do Prêmio Faz Diferença 2023, promovido pelo jornal O Globo. Esper recebeu o reconhecimento em cerimônia na Casa Firjan, no Rio de Janeiro, nesta quarta (19), dedicando a premiação aos 4.000 colaboradores do Butantan e à sua família. Durante o evento, foram homenageadas pessoas de destaque em 14 categorias, como educação, economia e direitos humanos, entre outras.
“Eu gostaria que os 4.000 colaboradores do Butantan estivessem presentes para receber esse prêmio”, disse ele, depois de receber a láurea das mãos da editora de Saúde do Globo, Adriana Dias Lopes, e do diretor da sucursal do Globo em Brasília, Thiago Bronzatto.
Médico infectologista e professor titular licenciado do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Esper assumiu a diretoria do Instituto Butantan em janeiro de 2023. Desde então trabalha, junto à equipe de gestão, para acelerar estudos e resultados de novas vacinas contra doenças que ameaçam a saúde pública.
Esper Kallás recebe o prêmio das mãos da editora de Saúde do Globo, Adriana Dias Lopes, e do diretor da sucursal do Globo em Brasília, Thiago Bronzatto
Um dos marcos mais importantes desse período é a vacina da dengue, que já está em fase final de desenvolvimento e que apresentou eficácia de quase 80% nos ensaios clínicos. A intenção do diretor do Butantan, que atuou na pesquisa também como investigador principal, é entregar os indicadores de eficácia à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o ano que vem.
Entre outros aspectos destacados pelo Globo que levaram à escolha de Esper estão os estudos do Butantan para desenvolvimento das vacinas contra a gripe aviária e Chikungunya – esta última já aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA), a agência reguladora de fármacos dos Estados Unidos.
“São pessoas que estão se dedicando não só à vacina [da dengue], mas também a tantas outras, como a de Chikungunya, que está chegando. Fazer medicina não é só curar, mas é aliviar o sofrimento humano. E é isso que a gente procura fazer”, disse o diretor, agradecendo aos colaboradores do Butantan durante a cerimônia.
Esper Kallás discursa durante a cerimônia
Esper Kallás é natural de Itajubá (MG) e se formou pela Faculdade de Medicina da cidade em 1989. Sua dissertação, defendida em 1996, analisou os fatores de risco para a infecção por HIV na Casa de Detenção de São Paulo, trabalho realizado juntamente com o médico Dráuzio Varella.
Em 1999, concluiu o doutorado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com cotutela na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, pesquisando a produção antígeno-específica de citocinas pelos linfócitos T após infecção e vacinação. Durante a pandemia de Covid-19, atuou na linha de frente do atendimento clínico e foi um dos integrantes do Centro de Contingência do Estado de São Paulo, organização que monitorava e coordenava ações contra a propagação do SARS-CoV-2. Entre suas linhas de pesquisa estão tratamento da infecção pelo HIV, vacinas, estudo dos efeitos do ciclo celular sobre a variação genética do HIV-1, imunologia em doenças infecciosas, relação hospedeiro-parasita e imunologia clínica.
Reportagem: Camila Neumam
Fotos: Fábio Cordeiro