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Projeto do Butantan fortalece o monitoramento dos vírus SARS-CoV-2 e influenza em Alagoas

Municípios alagoanos passaram a realizar a vigilância genômica após acordo de parceria com o CeVIVAS; objetivo é reduzir atendimentos hospitalares no estado


Publicado em: 28/09/2023

Nesta quarta (27/9), o assessor técnico de Biologia Médica da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas e representante do Laboratório Central da região (LACEN-AL), Hazerral de Oliveira Santos, esteve em São Paulo para falar sobre a evolução da vigilância genômica nos municípios alagoanos, realizada em parceria com o Centro para Vigilância Viral e Avaliação Sorológica (CeVIVAS), do Instituto Butantan. A iniciativa é apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e tem como objetivo realizar o monitoramento da circulação dos vírus influenza, SARS-CoV-2 e DENV (causador da dengue) em diversas regiões do Brasil. 

O projeto foi iniciado em cidades paulistas no final de 2022 e expandido para Alagoas no início deste ano. Antes, o estado nordestino não realizava o monitoramento epidemiológico de vírus relacionados à síndrome gripal e à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que dificultava o diagnóstico de doenças. 

“O CeVIVAS deu à Secretaria de Saúde de Alagoas uma visibilidade do que tínhamos que fazer para chegar aos objetivos específicos para registrar de forma eficaz os casos de óbitos e de Síndrome Respiratória Aguda Grave nas unidades de saúde em todos os 102 municípios”, disse Hazerral. 

Atualmente, o LACEN-AL e o CeVIVAS trabalham com sequenciamentos dos vírus causadores da gripe e da Covid-19. Um fator importante para o sucesso da parceria é a agilidade na resolução das amostras. 

“A partir do momento em que detectamos amostras de influenza ou de SARS-CoV-2, elas entram na plataforma do CeVIVAS e recebemos o retorno com muita rapidez, em um prazo de 24 horas, informando sobre novas variantes circulantes em nosso estado e recomendações de novas ações”, explicou o assessor técnico.

A parceria ajudou a alinhar as informações e a comunicação entre as equipes das secretarias municipais de saúde para solucionar problemas e organizar os envios e recebimentos de amostras. A plataforma de sequenciamento também proporcionou uma melhoria de acesso e análise dos dados. 

O assessor técnico contou da necessidade que Alagoas possuía de ampliar a vigilância genômica dos vírus causadores de doenças respiratórias para melhorar o tratamento de pacientes e reduzir custos da saúde pública. 

“Quando eu consigo dar uma resposta rápida sobre o sequenciamento dos vírus, os hospitais conseguem mudar a forma de tratamento do paciente e fazer com que outros leitos sejam disponibilizados. Se olharmos financeiramente, o estado pode reduzir os gastos com o atendimento de muitas pessoas se tivermos ações preveníveis de acordo com a circulação dos vírus”, explicou Hazerral. 

Outro ponto destacado foi o trabalho de prevenção contra doenças em Alagoas realizado em conjunto com o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Com as amostras sequenciadas, a Secretaria de Saúde notifica o PNI para que ações específicas de vacinação sejam ampliadas e, assim, possam ser contidos os atendimentos hospitalares do sistema público de saúde. 

Entre outros objetivos, o CeVIVAS também tem como missão checar se as pessoas vacinadas com o imunizante disponível estão protegidas dessas novas variantes encontradas.

Mapeamento nacional

Com o apoio de laboratórios parceiros espalhados por todo o Brasil, o CeVIVAS pode fazer estudos sobre a história evolutiva dos três vírus e conhecer as variantes virais presentes nas diferentes regiões brasileiras, e suas relações com os diversos climas do país.

O compartilhamento e a transferência de conhecimento entre o centro e os laboratórios também são questões importantes para que os pesquisadores trabalhem juntos com foco na melhoria da saúde pública brasileira. 

“Os laboratórios nos dão uma abrangência do que acontece no país. O CeVIVAS também tem a proposta de transferir esse conhecimento que a gente vem adquirindo, seja na parte técnica quando temos que preparar amostras, ou na própria identificação e discussão sobre o sequenciamento que foi encontrado”, afirmou a diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Instituto Butantan e coordenadora do CeVIVAS, Sandra Coccuzzo.

 

Reportagem: Mateus Carvalho 

Fotos: André Ricoy