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A iniciativa


Uma parceria entre Butantan, USP e Hemocentro de Ribeirão Preto está trazendo a terapia CAR-T em escala para o Brasil. O tratamento está sendo testado para, futuramente, ser disponibilizado à população.


Como funciona

Por meio da coleta do sangue, as células T do paciente são isoladas e modificadas, tornando-se CAR-T. Depois, são reinseridas no organismo e atacam o câncer, sem afetar as células saudáveis.

Para quais tipos de câncer?

Leucemia linfoide aguda de células B

Linfoma não-Hodgkin
de células B

*Até o momento, a terapia demonstrou sucesso contra esses dois tipos de câncer que acometem o sangue

Resultados experimentais


A terapia vem sendo testada no Brasil desde 2019, em pacientes que haviam esgotado as demais opções de tratamento.

  • 80% de eficácia na eliminação dos tumores
  • 20 pacientes tratados

  • No exterior:
  • + 30 mil pacientes tratados
  • Remissão prolongada (+ 5 anos)
  • Aprovada pela FDA
  • Oferecida nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França, Espanha, Itália, Reino Unido, China, Austrália, Singapura e Israel

Estudo clínico


O estudo clínico de fase 1/2 teve início em março de 2024 e é voltado para pacientes que não tiveram resposta após tratamentos convencionais, como quimioterapia e transplante de medula óssea, de acordo com avaliação médica

  • 81 pacientes: linfoma não Hodgkin de células B e leucemia linfoide aguda de células B
  • 5 hospitais: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, Hospital das Clínicas da Unicamp, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Hospital Beneficência Portuguesa e Hospital Sírio Libanês

vantagens da
Terapia Celular

Reduz o uso de remédios para a dor

Diminui a necessidade de sessões de quimioterapia

Possibilidade de remissão total ou parcial do câncer

Produção nacional pode permitir sua inclusão no SUS

Impactos do câncer

mundo

  • 20 milhões de casos/ano
  • Segunda maior causa de
    morte (9,6 milhões de mortes)
  • US$ 25 trilhões é o custo estimado da doença entre 2020 e 2050

Brasil

  • R$ 4 bilhões por ano em gastos com tratamento oncológico pelo SUS
  • 625 mil novos casos/ano
  • 225 mil mortes/ano

Fontes: Organização Pan-Americana da Saúde | Observatório de Oncologia
Chen S, Cao Z, Prettner K, et al. Estimates and Projections of the Global Economic Cost of 29 Cancers in 204
Countries and Territories From 2020 to 2050. JAMA Oncol. 2023;9(4):465–472. doi:10.1001/jamaoncol.2022.7826

Dúvidas

A terapia com células CAR-T surgiu nos Estados Unidos e começou a ser aplicada experimentalmente em pacientes de câncer terminal no início dos anos 2010. Os resultados positivos levaram a Food and Drug Administration (FDA), agência regulatória dos Estados Unidos, a aprovar por unanimidade o uso da terapia CAR-T para o combate ao câncer em 2017. No ano seguinte, em 2018, o tratamento rendeu aos seus descobridores, James P. Allison e Tasuku Honjo, o prêmio Nobel de Medicina.
No Brasil, a terapia com células CAR-T é desenvolvida no Centro de Terapia Celular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. O primeiro voluntário brasileiro, que recebeu o tratamento experimental há dois anos, alcançou a remissão total de um linfoma em estágio terminal. Outros pacientes que optaram pelo tratamento também tiveram remissão. Até hoje, a terapia celular se mostrou altamente eficaz contra linfoma e leucemia linfoide aguda, dois tipos de câncer de sangue.

A tecnologia celular CAR-T é um tipo de imunoterapia que utiliza linfócitos T, células do sistema imune responsáveis por combater agentes patogênicos e matar células infectadas. O tratamento consiste em retirar e isolar os linfócitos T, “reprogramá-los” para conseguirem identificar células do câncer e depois inseri-los de volta no organismo do indivíduo. Nesse momento, as células de defesa modificadas voltam com mais força para eliminar as células tumorais. Todo esse processo, desde a coleta, modificação das células e aplicação no paciente, pode durar em torno de 60 dias.

CAR-T é como são chamadas as células que são usadas na terapia. O nome CAR-T vem da união de dois conceitos: CAR é a sigla em inglês para receptor quimérico de antígeno (Chimeric Antigen Receptor) e T vem de linfócitos T, células do organismo responsáveis por sua defesa. Na terapia celular, o linfócito T é alterado para exibir em sua superfície os receptores CAR e se tornar ainda mais potente no combate ao câncer – ele deixa de ser uma célula T para se transformar em uma célula CAR-T.

Após a coleta do sangue, os pesquisadores isolam os linfócitos T e aplicam em laboratório um reagente que estimula a ativação dessas células. Uma vez que os linfócitos T são ativados e multiplicados, eles são colocados em contato com um vetor lentiviral – um vírus modificado incapaz de causar doença. Esse vetor contém a informação genética de um receptor que reconhece o antígeno chamado CD-19, que é expresso na superfície das células tumorais. Por conter a informação genética do receptor do CD-19, o vetor faz a célula T expressá-lo em sua superfície, originando as células CAR-T que serão usadas na terapia – e que se ligarão ao CD-19 presente nas células tumorais. O produto é congelado e passa por rigorosos testes de controle de qualidade, para só depois ser infundido no paciente em um processo semelhante à transfusão de sangue. De volta à corrente sanguínea, esse conjunto de células CAR-T reconhece e se liga às células do câncer, induzindo a morte celular.

A terapia com células CAR-T é considerada um dos tratamentos mais inovadores da medicina atualmente e representa uma revolução no tratamento do câncer. Ele tem altíssima complexidade e é personalizado, pois usa as células de defesa do próprio paciente para combater a doença.

A terapia CAR-T está na fase 1/2 de ensaio clínico, com a participação de 81 voluntários. Participam do estudo pacientes com leucemia linfoide aguda de células B ou com linfoma não-Hodgkin de células B, de acordo com avaliação médica.

A participação no estudo clínico do Nutera é totalmente gratuita. O tratamento já existe no exterior, mas por ser relativamente recente e personalizado, não está disponível em larga escala e é muito caro: chega a custar US$ 500 mil por paciente.

A parceria entre Butantan, Hemocentro de Ribeirão Preto e USP tem o objetivo de ampliar o acesso ao tratamento e fazer com que ele chegue ao Sistema Único de Saúde (SUS). Até então, a terapia só era oferecida no Centro de Terapia Celular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, e em pequena escala – um paciente em tratamento por vez. A criação das duas unidades do Nutera vai aumentar essa capacidade para até 300 pacientes por ano.

A função do Butantan é oferecer sua capacidade de produção, experiência com processos conduzidos sob Boas Práticas de Fabricação, desenvolvimento clínico e entrega de produtos imunobiológicos para tentar reduzir ao máximo o custo da terapia e viabilizar sua disponibilização para a população brasileira de forma gratuita pelo SUS.