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Dose de reforço da CoronaVac em crianças a partir dos 3 anos aumenta em 30 vezes os anticorpos contra Covid-19, mostra estudo

Na faixa dos 3 a 5 anos, a taxa de soroconversão contra a cepa original chegou a 100%, e a 91,5% contra a ômicron


Publicado em: 13/05/2022

Um estudo clínico de fase 2 realizado na China com crianças e adolescentes durante o surto da variante ômicron do SARS-CoV-2 voltou a mostrar a eficácia do uso da CoronaVac no público infantil, sobretudo entre as crianças de 3 a 5 anos, grupo no qual a concentração de anticorpos foi superior aos demais. O artigo foi publicado na plataforma de preprints da revista britânica The Lancet e conduzido por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Província de Hebei, dos Institutos Nacionais de Controle de Alimentos e Medicamentos da China, e da Sinovac.

Os cientistas avaliaram 346 crianças e adolescentes com idades entre 3 e 17 anos, separados em dois grupos. No grupo 1 (171 voluntários), a terceira dose da CoronaVac foi administrada após 10 meses da segunda dose. Já no grupo 2 (175 participantes), o reforço foi aplicado depois de 12 meses. A eficácia do imunizante foi investigada decorridos 28 dias da dose de reforço.

No grupo 1, o nível de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2 original subiu de 20,8 para 681, um aumento de 30 vezes, e 100% das crianças produziram anticorpos. Já contra a variante ômicron, a porcentagem de produção de anticorpos chegou a 90,6%. 

No grupo 2, os anticorpos neutralizantes aumentaram 29 vezes, de 21,7 para 745,2, e a taxa de soroconversão contra a cepa original chegou a 100%. Com relação à variante ômicron, a produção de anticorpos ocorreu em 91,5% dos participantes.

Comparando as faixas etárias de ambos os grupos, observou-se que a concentração de anticorpos neutralizantes nas crianças de 3 a 5 anos foi superior àquela encontrada nos demais participantes de 6 a 17 anos. 

As reações adversas após a terceira dose foram leves e moderadas em ambos os grupos, sendo os efeitos mais comuns dor no local da injeção (em 4,1% dos 346 indivíduos) e febre (1,5%).

De acordo com os pesquisadores, “a terceira dose da CoronaVac em crianças e adolescentes administrada 10 ou 12 meses após a segunda dose induziu uma resposta robusta ao coronavírus, aumentando notavelmente os títulos de anticorpos neutralizantes, inclusive contra a variante ômicron. O reforço com CoronaVac é seguro e tem grande potencial neutralizante contra a ômicron em crianças e adolescentes”.

 

Uso da CoronaVac entre 3 e 5 anos está em avaliação pela Anvisa

Diversos outros estudos da CoronaVac em crianças já atestaram a sua segurança, eficácia e inclusive efetividade, com dados de mundo real, que podem ser acessados no Dossiê CoronaVac focado no público pediátrico. Desde 20 de janeiro, a vacina é autorizada no Brasil para crianças a partir dos seis anos de idade. Nesta semana, o Instituto Butantan enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a complementação da documentação que dá suporte ao pedido de ampliação do uso pediátrico da CoronaVac para a faixa etária de 3 a 5 anos. 

 

*Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan