Engenheiro civil e amante de esportes, Jorge Afonso Martins, 44 anos, trabalha na Divisão de Infraestrutura do Instituto Butantan. A vida ativa e repleta de atividades físicas no tempo livre mudou após um acidente de moto sofrido no início de 2021, que resultou em uma lesão do plexo braquial. Tendo o fêmur, o ombro e uma costela afetados, Jorge se viu no início de uma nova jornada, agora como pessoa com deficiência (PCD). Mas como o esporte ensina, não há derrota definitiva.
Seu distanciamento das atividades profissionais durou sete meses. Nesse período, o engenheiro percebeu dificuldades cognitivas devido ao trauma na cabeça, também consequência do acidente. Ele ficou sete meses em tratamento fisioterapêutico e recebeu transfusões de sangue por 14 dias no hospital – sobre os quais ele fala com entusiasmo, pois se lembra que seus colegas de trabalho do Butantan se mobilizaram para doar e conscientizar outras pessoas.
“Nessa hora de afastamento o principal vilão é a cabeça. Sempre fui ativo e de repente estava preso a uma cama. Queria pegar uma cadeira de roda e sair, nem que fosse para o sofá”, lembra o engenheiro.
A lesão sofrida por Jorge pode levar a paralisias, alterações de sensibilidade e dores incapacitantes. Jorge perdeu parte do movimento do lado direito e passou a ter dificuldades de locomoção. Mas, aos poucos, venceu os desafios de voltar a movimentar a perna, compreendeu e aceitou sua nova rotina e retornou ao trabalho em outubro de 2021.
“No começo foi um pouco complicado, mas não deixei me atrapalhar. Respirei e disse para mim mesmo: vamos lá, vamos criar um outro meio de fazer as coisas”. Ele contou com o apoio dos colegas da área e de outros setores da instituição – e essa abordagem acolhedora e compreensiva fez toda a diferença.
Há oito anos no instituto, Jorge trabalha com pequenas obras e uma equipe de 50 pessoas. Ele é responsável por acompanhar a construção de edificações e fazer reformas, sejam elas em portarias do parque ou em laboratórios e nas fábricas. Ele cuida da fundação aos detalhes finais, como acabamento e pintura, incluindo manutenções e reformas diversas nas fábricas, como telhado, piso, divisórias.
A mensagem de Jorge para o futuro é de resiliência ante as adversidades: “Acredite no seu potencial: apesar das dificuldades, a gente não pode desistir”.