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Instituto Butantan doa livros sobre serpentes para escolas públicas do Amazonas

Ação aconteceu em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas e contou com o apoio logístico da Força Aérea Brasileira


Publicado em: 16/08/2024

O Instituto Butantan é o maior produtor de soros antiofídicos da América Latina, e um dos principais centros de pesquisa científica sobre serpentes do mundo. Mas nem sempre o conhecimento que é gerado por meio dessas atividades chega onde mais importa: às comunidades isoladas e municípios da Amazônia, que concentram a maior parte dos envenenamentos por serpente no Brasil. De acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema, o Brasil teve 29.543 acidentes com serpentes notificados ao longo de 2022; destes, 10.284 aconteceram na região Norte, sendo quase 2 mil no Amazonas.

Para ajudar a reduzir essa distância, levando à população informações científicas de qualidade e fácil entendimento, o Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, enviou ao Amazonas 1.776 exemplares do livro “Serpentes da Amazônia”. A obra foi escrita pelo pesquisador do Laboratório de Ecologia e Evolução do Butantan Otávio Marques, em colaboração com os pesquisadores Ivan Sazima, André Eterovic e Márcio Martins, e fornece um guia ilustrado de todas as 160 espécies de serpentes que ocorrem no bioma amazônico, com as principais informações sobre cada uma delas.

O envio dos exemplares foi feito no domingo (11/8) e viabilizado por meio de uma parceria celebrada entre o Programa de Pós-Graduação em Ciências – Toxinologia (PPGTox) do Instituto Butantan e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com o apoio logístico da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Exército Brasileiro. “O Amazonas é um estado vasto em território e riquíssimo em biodiversidade. Esta parceria com a UEA permitirá que os livros cheguem a pontos estratégicos, onde a informação poderá ser aplicada ao cotidiano”, afirma a diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Instituto Butantan e pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação, Sandra Coccuzzo. 
 


Os livros serão distribuídos para escolas públicas estaduais e municipais dos 62 municípios do Amazonas; em todas as unidades da UEA na capital e no interior; e, por fim, ao Comando Militar do estado, nas bases que fazem fronteira com outros países. A ação será realizada pela universidade em conjunto com a Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc-AM) e a Secretaria Municipal de Educação (Semed). 

“Essa doação é benéfica porque, principalmente nas áreas rurais e nas comunidades mais distantes, o livro contribuirá para que as populações possam reconhecer qual o tipo de cobra que pode ter causado um acidente. Isso ajuda a identificar o melhor soro e qual tratamento deverá ser feito para que haja mais eficácia na prevenção dos casos e mortes em decorrência de picadas”, pontua o reitor da UEA, André Luiz Nunes Zogahib.
 


Serpentes do Brasil

O livro “Serpentes da Amazônia” foi lançado em dezembro 2023 por Otávio Marques, pesquisador científico no Laboratório de Ecologia e Evolução, em conjunto com o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) André Eterovic, o professor titular do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) Marcio Martins e o professor aposentado do Departamento de Zoologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Ivan Sazima. A obra faz parte de uma coletânea sobre as espécies que ocorrem no Brasil, e que inclui também os livros “Serpentes da Mata Atlântica”, “Serpentes do Pantanal”, “Serpentes do Cerrado” e “Serpentes da Caatinga”.   

Os guias permitem identificar os animais pelo padrão de coloração e trazem os repertórios da biologia com especificidades de cada espécie. Além disso, evidenciam quais são as serpentes peçonhentas e sem peçonha. “São aspectos que ajudam as pessoas a conhecerem mais sobre nossa biodiversidade. Só de folhear o livro, é possível ver quantas espécies existem em um determinado bioma brasileiro”, comenta Otávio. 

Outro foco da série é evidenciar a importância da conservação das espécies. Na edição da Amazônia, por exemplo, o leitor descobre que a maioria das serpentes do bioma não possuem a capacidade de inocular veneno. Ou seja, são inofensivas aos seres humanos. 

A série foi desenvolvida para facilitar o conhecimento do público leigo a respeito destes animais e, quiçá, reverter o preconceito que existe em relação às cobras. No entanto, também são referências para a comunidade científica. “Os livros são compilados do conhecimento global que temos sobre biologia dos animais”, completa o pesquisador do Butantan.

Todos os exemplares da série possuem capítulos que abordam o ofidismo – primeiros socorros e ações para evitar a picada – e identificação das espécies venenosas de cada bioma. Dessa forma, ajudam os moradores do campo e também os profissionais de saúde a identificar quem pode realmente causar acidentes em seres humanos, o que é essencial para que o paciente receba o tratamento adequado. 


Reportagem: Carolina Mangieri

Fotos: Comunicação Butantan