Uma série de estudos já comprovou que a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, é segura e protege as crianças contra a Covid-19. Com base nessas evidências, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou por unanimidade o uso emergencial do imunizante para crianças de seis a 17 anos no Brasil. Ensaios clínicos de países como África do Sul, Chile, Malásia, Filipinas e Quênia demonstraram a eficácia e segurança da CoronaVac em uma faixa etária ainda mais ampla, a partir dos seis meses de idade. Também foi atestada uma soroconversão de até 100% nas crianças imunizadas com a CoronaVac, o que demonstrou um alto poder de proteção contra o SARS-CoV-2 na população pediátrica.
“A CoronaVac é a vacina mais segura do mundo para esse público”, disse o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, após a vacinação das primeiras crianças que receberam a CoronaVac no Brasil, na Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, logo após a aprovação da Anvisa. “Além disso, é a vacina mais utilizada na população de três a 17 anos, com mais de 211 milhões de doses aplicadas ao redor do mundo”, disse Dimas.
A importância de vacinar crianças também foi tema do CoronaVac Symposium, realizado pelo Butantan em dezembro de 2021. No evento, a pesquisadora Susan Bueno, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, reforçou que a CoronaVac é segura para crianças por ser uma vacina de vírus inativado, plataforma já usada há décadas na imunização da população pediátrica. O uso da CoronaVac em crianças a partir de três anos já foi aprovado no país andino. Veja abaixo os dados científicos que comprovam a segurança e imunogenicidade da CoronaVac no público infantil.
1) A CoronaVac gera forte resposta imune em crianças
Em ensaios clínicos de fase 1 e 2 publicados por pesquisadores chineses em junho de 2021 na The Lancet Infectious Diseases, a vacina induziu produção de anticorpos em 96% a 100% dos 550 voluntários de três a 17 anos. Na fase 1, anticorpos neutralizantes foram detectados em 100% dos indivíduos para as duas dosagens aplicadas (1,5 μg e 3 μg). Na fase 2, a soroconversão foi de 96% no grupo que tomou 1,5 μg e de 100% para quem tomou 3 μg, com títulos médios geométricos de 86,4 e 142,2, respectivamente. Já no Chile, resultados preliminares de fase 3 mostraram que crianças acima de três anos apresentam maior produção de anticorpos do que os adultos.
2) É segura para crianças a partir de seis meses
Um estudo clínico de fase 3 realizado pela Sinovac na África do Sul com 200 crianças de seis a 35 meses mostrou que a CoronaVac é segura para esse público e não causou nenhum efeito adverso grave. Até o final de dezembro, cerca de 4.000 crianças de diferentes idades foram imunizadas no país e não apresentaram reação adversa. O ensaio clínico também está sendo conduzido no Chile, Malásia, Filipinas e Quênia para avaliar a imunogenicidade e segurança da vacina na população infantil.
No Brasil, uma pesquisa feita por cientistas do Instituto Adolfo Lutz, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo mostrou que a CoronaVac foi segura para 27 crianças entre sete meses e cinco anos, que receberam por engano o imunizante no lugar da vacina da influenza nas cidades de Diadema e Itirapina, no estado de São Paulo. Apenas uma criança teve reação adversa, apresentando coriza.
3) Os efeitos adversos são raros e leves
Nos estudos de fase 1 e 2 na China, reações adversas foram observadas em apenas 26% e 29% das crianças que tomaram 1,5 μg e 3 μg de CoronaVac, respectivamente. A maior parte das reações foi leve e o sintoma mais frequente foi dor no local da injeção. Além disso, no Chile, o ensaio clínico de fase 3 mostrou que as crianças têm menos reações adversas do que os adultos, sendo as mais comuns dor e vermelhidão no local da injeção. No estudo de efetividade da CoronaVac no país andino com maiores de 16 anos, a vacina teve proteção de 90,3% contra internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e de 86,3% contra mortes.
4) Protege crianças contra a variante delta
Um trabalho publicado na revista PLOS Neglected Tropical Disease mostrou que, durante o surto da variante delta do SARS-CoV-2 na China, cerca de 20% dos casos acometeu crianças de um a 18 anos. Dos 153 casos, 116 (84,7%) aconteceram em indivíduos sem cobertura vacinal e 21 (15,3%) em pessoas com esquema de vacinação parcial ou completo da CoronaVac ou com a vacina da Sinopharm, imunizante chinês que também conta com a tecnologia de vírus inativado.
5) É segura para adolescentes imunossuprimidos
Adolescentes com doenças reumáticas que tomam CoronaVac têm três vezes menos reações adversas do que jovens que receberam vacinas de RNA mensageiro (mRNA). Essa foi a conclusão de um estudo da Turquia publicado no International Journal of Rheumatic Diseases. Nos participantes que tomaram a vacina de mRNA, 74% (107 de 145) apresentaram efeitos adversos. Já nos imunizados com CoronaVac, 22% (sete de 32) relataram reações. No grupo investigado havia 126 pacientes com doenças autoinflamatórias, 54 pacientes com artrite idiopática juvenil, 30 pacientes com doença do tecido conjuntivo, nove com vasculite e quatro com febre reumática aguda.