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Butantan desmente 10 fake news sobre a vacina trivalente da gripe

Vacina não tem cepa de Covid, não causa gripe e outras doenças, é segura para gestantes, crianças e idosos e precisa ser tomada todos os anos


Publicado em: 29/04/2025

Reportagem: Camila Neumam
Fotos: Marília Ruberti

 

O Ministério da Saúde adquiriu aproximadamente 80 milhões de doses da vacina trivalente contra gripe produzida pelo Instituto Butantan para a campanha de vacinação de 2025, que começou em 28/3 no estado de São Paulo e em 7/4 nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. 

Essa fase da campanha é voltada para a imunização de grupos prioritários: crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e pessoas com 60 anos ou mais, entre outros públicos. No segundo semestre do ano, a vacinação vai ocorrer na região Norte, durante o chamado “inverno amazônico”, quando há maior circulação do vírus influenza na região, e para onde o Butantan disponibilizou 6 milhões de doses. 

No Brasil, a vacina contra gripe registrada (licenciada) e disponível no Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a vacina Influenza trivalente do Instituto Butantan, que é indicada para prevenção de quadros clínicos severos, complicações, hospitalizações e óbitos pelos vírus influenza para as populações citadas. 

A vacina do Butantan recomendada pelo Ministério da Saúde é pré-qualificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Inclusive, a OMS e agência de saúde dos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA), recomendam o uso de vacinas trivalentes da gripe, em vez das quadrivalentes.

Enquanto a campanha de vacinação contra gripe ocorre anualmente no Brasil, a desinformação sobre o imunizante também é uma constante. Para evitar dúvidas e combater a hesitação vacinal, o Portal do Butantan conversou com a gestora médica de Desenvolvimento Clínico do Butantan Carolina Barbieri e desvendou 10 fake news ligadas à vacina da gripe. 

Repasse esse conteúdo e ajude a reforçar a importância de se vacinar!

 

Campanha de vacinação da gripe 2025: Ministério da Saúde adquiriu 80 milhões de doses da vacina trivalente contra gripe produzida pelo Instituto Butantan

 

1.    A vacina não protege da gripe, e nem do vírus da gripe A (H1N1).

FALSO. A vacina do Butantan tem eficácia de mais de 80% contra hospitalizações e mortes, sobretudo em populações mais vulneráveis, como crianças pequenas e adultos acima de 60 anos. Nestes grupos, e também em pessoas com comorbidades, a doença pode evoluir para a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e até mesmo causar infarte agudo do miocárdio – condições que podem se tornar fatais. Além disso, a vacina tem eficácia de até 60% contra os principais sintomas da gripe, como febre, mal estar, dor de garganta e sintomas respiratórios. Portanto, é falso dizer que a vacina não protege da doença. 

A vacina da gripe trivalente produzida pelo Butantan para a campanha deste ano é composta pelos vírus influenza A/Victoria (H1N1), A/Croácia (H3N2) e B/Áustria (linhagem Victoria). Essas são as cepas de gripe que mais tendem a circular no país em 2025 segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Anualmente, a entidade faz a vigilância dos vírus influenza nos hemisférios Norte e Sul e informa com antecedência quais cepas tenderão a circular com mais prevalência no ano seguinte, para que as novas vacinas sejam desenvolvidas levando em conta essa previsão. 

A composição do imunizante é alterada anualmente, devido à alta taxa de mutação do vírus. Por isso, é falso dizer que a vacina não protege contra a Influenza A (H1N1), cepa que está na formulação da vacina em 2025. 

 

2.    A vacina Influenza causa gripe ainda mais forte do que pegar o vírus.

FALSO. A vacina da gripe do Butantan é feita com fragmentos de proteína de cepas de vírus inativados (mortos), incapazes de infectar humanos. Por isso é falso dizer que ela causa a doença. Outro ponto a se considerar é que o vírus influenza aparece com mais força durante o outono e o inverno, mesmo período de circulação de outros vírus respiratórios, como o parainfluenza, o SARS-CoV-2, o vírus sincicial respiratório (VSR), o rinovírus, entre outros, que provocam sintomas parecidos. Pessoas vacinadas contra gripe que já tenham sido infectadas com outro vírus respiratório no mesmo período da imunização podem desenvolver os sintomas deste vírus, confundindo a doença com a influenza. 

A vacina da gripe do Butantan protege contra os principais sintomas da influenza e também contra as formas mais graves, que levam a internações e ao risco de óbito. Isto é, pessoas vacinadas têm menos chance de ter os sintomas e reduzem o risco de sofrer com internações e morrer em decorrência da doença.


3.    Dentro da vacina da gripe tem uma vacina contra Covid.

FALSO. A vacina trivalente contra a gripe do Butantan contém apenas fragmentos inativados de proteínas dos vírus influenza, sendo falso dizer que há cepas de SARS-CoV-2 na sua formulação. Não há nenhuma vacina licenciada no mundo até o momento que contenha tanto cepas de influenza quanto do SARS-CoV-2. Embora haja estudos em andamento, não há nada sendo comercializado e usado neste momento.

 

Gestantes, pessoas com 60 anos ou mais e crianças de 6 meses a menores de 6 anos são os públicos prioritários

 

4.    A vacina contra gripe pode causar trombose e câncer.

FALSO. Não há nenhum embasamento científico que correlacione casos de trombose, câncer ou qualquer outra doença atribuída à administração da vacina trivalente contra a gripe do Butantan. Ao contrário, evidências científicas demonstram que a vacina previne sintomas graves causados pelo influenza em pessoas com imunossupressão por câncer porque diminui o risco destes quadros aparecerem.

O fato de a vacina ser indicada para populações mais vulneráveis, como crianças idosos e gestantes, mostra que é uma vacina segura, com eventos adversos raros e autossustentados, e com reações adversas em sua maioria leves, como cefaleia, mialgia, mal-estar, fraqueza, calafrios e febre, que melhoram em questão de horas. O local da aplicação pode apresentar coceira, vermelhidão, inchaço, dor e endurecimento, que melhoram em poucos dias. 

O Butantan conta com um serviço de Farmacovigilância que monitora continuamente as reações pós-vacinação. Os dados do perfil de segurança do imunizante podem ser encontrados nesta página.

 

5.    A vacina da gripe causa aborto em grávidas.

FALSO. Não há qualquer evidência científica de que a vacina da gripe cause aborto em gestantes. Ao contrário, a vacina da gripe do Butantan é de plataforma inativada, indicada para gestantes justamente por conter em sua composição apenas fragmentos inativados (mortos) do vírus, incapazes de infectar humanos, e considerada totalmente segura para este público.

Segundo a OMS, as gestantes fazem parte do grupo de pessoas que têm maior risco de desenvolver complicações quando infectadas pelo vírus da influenza. Por isso, devem se vacinar. Além disso, a vacinação da mãe ajuda a proteger o bebê, já que os anticorpos gerados pela imunização da mãe são repassados para o feto. 

 

6.    Não preciso tomar vacina este ano se tomei no ano passado.

FALSO. A revacinação anual contra a gripe é fundamental por dois motivos: o primeiro é que a proteção conferida pelo imunizante cai progressivamente seis meses depois da aplicação, pelo fato de a vacina ser de plataforma inativada. O segundo é a característica do vírus influenza, que ao se replicar gera variação genética dos subtipos de influenza circulantes, que mudam com frequência. Mesmo que o efeito da vacina durasse mais tempo, ela poderia não proteger contra os vírus presentes no inverno seguinte.

 

7.    Tenho mais de 60 anos, já tomei muita vacina na vida, não preciso mais tomar.

FALSO. A vacina contra gripe deve ser tomada todos os anos (veja o porquê na resposta acima), sobretudo pelo público com mais de 60 anos, o que mais sofre com internações e mortes pela doença. O fato de ter recebido o imunizante no ano anterior não causa nenhuma sobrecarga ou contraindicação para a aplicação no ano seguinte. Um caso célebre foi do cantor Lulu Santos, de 71 anos, que deixou de tomar a vacina no inverno passado e ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em decorrência de sintomas de influenza. Outro caso mais recente foi do cantor Ronnie Von, 80 anos, que ficou 10 dias na UTI, também em decorrência da doença.

Por serem considerados um grupo vulnerável, os idosos são sempre os primeiros a receber a vacinação quando começa a campanha nacional. Mesmo que a resposta vacinal não seja a mesma dos adultos mais jovens, devido à imunossenescência, a OMS, o Ministério da Saúde e especialistas indicam o imunizante para este grupo porque os idosos que tomam a vacina têm muito menos complicações por influenza, menos hospitalizações e menos óbitos.

 

A vacina da gripe deve ser tomada anualmente mesmo para quem tomou no ano passado e que tem hábitos de vida saudáveis


8.    Não dou a vacina da gripe para meus filhos porque vacinas fazem mal à saúde.

FALSO. A vacina contra gripe do Butantan previne sintomas e formas graves de influenza também nas crianças. Por isso, o Ministério da Saúde indica a vacinação prioritária para essa faixa etária. As crianças são um grupo de risco de complicações pela doença, sobretudo as menores de seis anos, com risco ainda maior entre as menores de dois anos, que ainda estão com o sistema imunológico em desenvolvimento. Essa faixa etária corre mais risco de desenvolver a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e outras complicações como otite e pneumonia, que podem evoluir para insuficiência respiratória. 

Outro problema de não vacinar as crianças é que elas podem propagar o vírus entre outras crianças no ambiente escolar e para membros da família e comunidade – um perigo aumentado para os avós, por exemplo. A vacina comprovadamente previne contra complicações e hospitalizações nos pequenos. Por isso, é falso dizer que ela faz mal. A criança corre mais risco ainda de adoecer se não se vacinar.


9.    Não preciso tomar vacina contra a gripe porque me alimento bem, uso própolis e como alho.

FALSO. Hábitos alimentares saudáveis são sempre bem-vindos, pois fortalecem o sistema imunológico, mas não são capazes isoladamente de prevenir a gripe. Há estudos que abordam o poder anti-inflamatório do própolis, mas nada que comprove que o composto seja capaz de proteger de uma infecção pelo vírus influenza. Os grupos prioritários continuam precisando tomar a vacina para evitar casos graves. Por isso, é falso afirmar que alimentos saudáveis, como própolis e alho, substituem a vacinação. 

 

10.    Não preciso tomar vacina porque faço exercícios físicos regularmente.

FALSO. A lógica é a mesma da alimentação saudável, que ajuda a reforçar o sistema imunológico, mas isoladamente não previne contra nenhum vírus. Pessoas que fazem exercício físico e estão nos grupos prioritários também devem tomar a vacina para se prevenir contra sintomas e complicações.