O CoronaVac Symposium, evento online internacional realizado pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, reuniu especialistas do Brasil e de diversos países em discussões aprofundadas e qualificadas sobre a vacina contra a Covid-19 mais aplicada do mundo. Realizado entre os dias 7 e 9/12, o simpósio entra para a história do Butantan e da ciência do Brasil como um espaço de divulgação científica e um convite à exploração das pesquisas mais recentes sobre a eficácia e efetividade da CoronaVac.
Um time de imunologistas do Butantan fez um compilado dos principais dados e informações apresentadas nas palestras de cada um dos três dias do simpósio, resumindo os temas abordados.
Confira a seguir as análises dos cientistas do Butantan sobre cada dia do simpósio.
DIA 1: Pesquisas de eficácia da CoronaVac e Projeto S
Análise feita por Olga Ibanez, Nancy Starobinas e Flávio Lichtenstein
No painel de abertura do simpósio, diversos pesquisadores discutiram desde os aspectos básicos da natureza do vírus SARS-CoV-2, até a produção da vacina CoronaVac, além dos resultados de sua eficácia, eficiência e segurança.
A vice-presidente da Sinovac, Yaling Hu, relatou que a produção e distribuição da vacina dependem de resultados científicos, qualidade de coleta e cultura do vírus, eficiência na produção e uma boa cadeia de suprimentos.
O pesquisador Serhat Ünal apresentou os resultados da Turquia, abrangendo mais de 10 mil indivíduos, distribuídos por várias regiões do país, imunizados com 2 doses da vacina CoronaVac. Um segundo estudo sobre a eficácia da vacina foi apresentado pelo pesquisador chileno Rafael Araos.
O diretor do Hospital Estadual de Serrana, Marcos Borges, falou sobre o Projeto S, estudo inédito, controlado, de vacinação com a CoronaVac iniciado em fevereiro de 2021 em toda a população do município do interior de São Paulo.
O quarto e último estudo foi apresentado pelo infectologista Esper Kallás: feito com 13 mil voluntários, ele trouxe como resultado final a eficácia da CoronaVac de 83,7% para reduzir casos de hospitalização.
DIA 2: Imunogenicidade e segurança da dose de reforço
Análise feita por Carla Cristina Squaiella Baptistão, Giselle Pidde e Isadora Maria Villas Boas
Neste segundo painel do simpósio sobre CoronaVac, foram discutidos os diversos aspectos de imunogenicidade da CoronaVac. A sessão foi coordenada pelo pesquisador do Butantan Renato Mancini Astray e pelo pesquisador do Centro de Controle de Doenças da China Yiming Shao.
Na primeira palestra, o professor de Virologia do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP Edison Luiz Durigon destacou a importância do Laboratório de Virologia NB-3 da universidade no isolamento da amostra clínica do primeiro paciente diagnosticado com SARS-CoV-2 no Brasil.
A imunogenicidade das vacinas e sua correlação direta com a eficiência foi o tema abordado pelo pesquisador Zhijie An, da Universidade de Yunnan, China, que trouxe dados sobre o progresso de vacinação na China contra a Covid-19 e os dados de eficácia no mundo real contra a variante delta.
O pesquisador Xiangxi Wang, do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciência, abordou de forma estrutural a interação antígeno/anticorpo neutralizante e a importância da administração da terceira dose da vacina de vírus inativado.
Em seguida, o pesquisador Ahmet Soysal, do Memorial Ataşehir Hospital, falou sobre estudos feitos na Turquia com a vacinação com a CoronaVac em indivíduos previamente infectados. Por último, o pesquisador Alexis Kalergis, da Pontifícia Universidade Católica do Chile, mostrou os dados do ensaio clínico de fase 3 realizado no Chile utilizando a CoronaVac.
DIA 3: Vacinação de pessoas com comorbidades, idosos, crianças e adolescentes
Análise feita por Durvanei Maria, José Ricardo Jensen e Eliana Faquim
No terceiro dia do simpósio, as palestras abordaram os estudos de imunogenicidade e segurança da terceira dose da CononaVac e o efeito da vacinação em populações específicas como crianças e adolescentes, idosos, imunocomprometidos e portadores de comorbidades.
O professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Fudan, na China, Hongjie Yu, abordou resultados de imunogenicidade da terceira dose de CoronaVac administrada após dois ou oito meses da segunda dose da vacinação, em indivíduos saudáveis das faixas etárias de 18 a 59 anos e acima de 60 anos.
Susan Bueno, professora da Pontifícia Universidade Católica do Chile e pesquisadora associada do Instituto Milênio de Imunologia e Imunoterapia, apresentou resultados que fazem parte de um estudo clínico multicêntrico de fase 3 com 14 mil crianças e adolescentes de seis meses a 17 anos no Chile, Quênia, Malásia, Filipinas e África do Sul.
A gerente de farmacovigilância da Sinovac, Jiayi Wang, apresentou dados de segurança da CoronaVac em indivíduos em diversas faixas etárias (3-17 anos, 18-59 anos e maiores de 60 anos).
A diretora do Departamento de Reumatologia e diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Eloisa Bonfá, apresentou resultados de um estudo clínico prospectivo de fase 4 para avaliar a segurança e a imunogenicidade da CoronaVac em portadores de doenças reumáticas autoimunes.
Para finalizar, o professor e pesquisador principal do Grupo de Biologia de Sistemas no Laboratório Estadual de Conservação e Utilização de Bio-Recursos na Universidade de Yunnan, na China, Zijie Zhang, apresentou os resultados de um estudo retrospectivo de segurança e imunogenicidade da CoronaVac em portadores de doenças crônicas como hipertensão, doenças coronarianas, doenças respiratórias crônicas, diabetes, obesidade e câncer.