O crescimento no número de casos de Covid-19 entre a população do município paulista de Serrana entre setembro e outubro de 2021, com a estabilização do número de mortes, é um indicador de que a vacinação funciona e é capaz de proteger a população contra o vírus SARS-CoV-2. “Nas últimas semanas, tivemos um aumento importante no número de casos sintomáticos leves, e o número de internações e mortalidade não cresceu nas mesmas proporções. Isso claramente é um efeito da vacinação”, explica o diretor do Hospital Estadual de Serrana e investigador principal do Projeto S, Marcos Borges.
De acordo com boletim epidemiológico publicado na sexta (19) pela Prefeitura Municipal de Serrana, em setembro de 2021 foram identificados 179 casos de Covid-19 e registradas quatro mortes; em outubro, foram 563 casos, com a ocorrência de três mortes. Até agora, no mês de novembro foram confirmados 449 casos, mas apenas duas pessoas morreram da doença.
Entre janeiro e maio deste ano, Serrana sediou o Projeto S, estudo de efetividade realizado pelo Butantan para entender o impacto da vacina CoronaVac no controle da pandemia de Covid-19. Por meio da pesquisa, cerca de 95% da população adulta foi vacinada com o imunizante do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac.
De acordo com Marcos Borges, para entender o que está acontecendo em Serrana neste momento é preciso comparar a cidade não com o resto do Brasil, onde o número de casos e mortes continua em diminuição, mas com Reino Unido, Israel e Alemanha. A cidade inteira foi vacinada até abril, na mesma época que esses países já haviam imunizado grande parte de suas populações. E, assim como Serrana, eles agora vêm enfrentando um aumento no número de casos leves e da taxa de transmissão não acompanhada de um acréscimo na quantidade de óbitos.
“Isso mostra a proteção da vacina, a importância dela, e que o aumento de casos não tem a ver com o imunizante em si. Israel utilizou a vacina da Pfizer, Reino Unido utilizou a da AstraZeneca principalmente, e a gente utilizou CoronaVac. Tem a ver com a doença e com o tempo de imunidade”, explica o médico. A redução da eficácia da vacina contra a Covid-19 com o tempo, especialmente em relação à queda na transmissão (que se reflete no aumento de casos leves), já era esperada pela comunidade científica.
Para Marcos, é essencial observar que o principal objetivo da imunização é reduzir a gravidade da doença, as internações e a mortalidade, e é exatamente isso que está acontecendo em Serrana. Além disso, o