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Ministério erra ao preterir CoronaVac na terceira dose, afirma Dimas Covas


Publicado em: 17/11/2021

O presidente do Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quarta (17) que a não incorporação da CoronaVac, imunizante do instituto e da farmacêutica chinesa Sinovac, na estratégia de aplicação da terceira dose e da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 é um erro de estratégia vacinal do Ministério da Saúde. A declaração foi dada durante a tradicional coletiva de imprensa do governo do estado de São Paulo, que acontece todas as quartas no Palácio dos Bandeirantes.

A justificativa de que a CoronaVac não foi incluída na nova fase da campanha de vacinação do governo federal se baseia no princípio de intercambialidade de imunizantes – ou seja, quem recebeu a primeira e segunda dose de uma vacina com uma certa tecnologia, deve receber uma terceira dose de uma plataforma vacinal diferente a fim de potencializar a resposta imune do organismo contra o vírus SARS-CoV-2.

Dimas lembra que a maior parte da população acima de 60 anos foi vacinada com CoronaVac. No caso deles, para aproveitar a intercambialidade de vacinas, é preciso adotar, na dose de reforço, um imunizante que foca em combater a proteína Spike (usada pelo SARS-CoV-2 para infectar as células), caso da vacina de vetor viral com adenovírus ou de RNA mensageiro. Mas a situação da população de 18 a 60 anos, que recebeu majoritariamente as vacinas com base em proteína Spike, é diferente.

“Há muito pouco acréscimo, do ponto de vista de estímulo imunológico, em você simplesmente mudar o fabricante se o princípio vacinal é o mesmo. Existe a necessidade de usar um princípio vacinal que, além da proteína S, contenha também as outras proteínas do vírus. E a única vacina que contém isso é a CoronaVac”, explica Dimas.

A CoronaVac tem o diferencial de ser fabricada com a técnica de vírus inativado. Isso significa que ela possui todas as partes do SARS-CoV-2 em sua composição, enquanto a maioria das outras tecnologias de imunizantes utilizam somente uma parte da proteína Spike. Com isso, a CoronaVac é capaz de gerar uma resposta imune mais abrangente às mutações do vírus, inclusive se elas não estiverem relacionadas a essa proteína.

Ainda durante a coletiva, Dimas comentou que o Butantan possui um quantitativo de 15 milhões de doses da CoronaVac disponível para governos interessados em ofertar vacinas a suas populações.