“É, portanto, com grande esperança que eu declaro a Covid-19 encerrada como uma emergência de saúde global.” Foi com essas palavras que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, anunciou o que pode ser considerado um grande passo no combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, nesta sexta, 5 de maio. A decisão foi tomada após orientação do Comitê de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional, diante da queda de hospitalizações e mortes, além do aumento do índice de vacinados contra o SARS-CoV-2.
Foi em dezembro de 2019 que os primeiros casos de uma pneumonia alarmante começaram a ser reportados na província de Wuhan, na China. O vírus, até então desconhecido, se espalhou rapidamente pelo resto do planeta, levando a OMS a declarar o seu mais alto nível de alerta internacional no dia 30 de janeiro de 2020. O comunicado veio na mesma época em que o mundo descobria que a nova doença, batizada de Covid-19, era causada pelo SARS-CoV-2 – um coronavírus que atingia tipicamente animais.
Na China, profissionais de saúde testam uns aos outros para detectar a presença do vírus, nos primeiros meses da pandemia
Desde então, mais de 760 milhões de casos da doença foram registrados ao redor do mundo, matando quase 7 milhões de pessoas. Entretanto, a própria OMS reconhece que os números oficiais são subnotificados – estimativas apontam que, no mínimo, 20 milhões faleceram por complicações decorrentes do SARS-CoV-2. Segundo dados do Ministério da Saúde, desde o início da pandemia foram registrados mais de 37 milhões de infecções e 700 mil mortes no país.
Fila de espera: idosos aguardam para receber a tão desejada vacina contra o SARS-CoV-2, no início de 2021
Vírus que veio para ficar
Tedros Adhanom ressaltou que o fim do período de emergência não significa que os cuidados em relação ao novo coronavírus devem ser abandonados. “O vírus está aqui para ficar. Ele continua matando e se transformando. Ainda há o risco de surgirem novas variantes capazes de aumentar o número de casos e mortes”, declarou o diretor-geral da OMS. A recomendação é que os países continuem gerenciando a Covid-19 como uma pandemia em andamento, assim como já acontece com outros tipos de doenças infecciosas.
Entre as principais orientações emitidas pela entidade internacional estão: sustentar as melhorias de saúde pública já alcançadas; se preparar para futuras epidemias e pandemias; integrar a vacinação contra Covid-19 aos programas de imunização nacionais; consolidar dados sobre diferentes doenças respiratórias para um monitoramento efetivo; assegurar a disponibilidade de recursos; continuar o apoio ao desenvolvimento de pesquisas e manter a proximidade com líderes comunitários.
Cidades desertas: no centro de São Paulo, uma importante avenida aparece praticamente vazia durante os momentos mais duros da pandemia de Covid-19
Mundo de ponta cabeça
Em sua declaração, o diretor-geral da OMS lembrou ainda que a Covid-19 virou o mundo de ponta cabeça, uma vez que a pior crise sanitária de todos os tempos desencadeou severos impactos econômicos, descortinou diferenças sociais gritantes, provocou uma enorme onda de desinformação e deixou milhares de pessoas solitárias, isoladas, ansiosas e depressivas.
Mas o fim da emergência sanitária representa, também, um momento de celebração. “Chegamos até aqui graças às incríveis habilidades e dedicação dos trabalhadores da área da saúde e à inovação dos pesquisadores e desenvolvedores de vacinas”, disse.
Represente do grupo prioritário recebe dose de vacina contra a Covid-19
O Butantan foi uma das organizações que contribuíram para o combate à Covid-19. Ainda em 2020, consolidou uma rede de diagnósticos para a execução de testes RT-PCR, garantindo a rápida detecção e o correto acompanhamento dos casos positivos, consolidando uma vigilância epidemiológica efetiva e contribuindo para uma melhor compreensão do cenário pandêmico do estado de São Paulo.
Em 17 de janeiro de 2021, a CoronaVac – vacina do Butantan contra a Covid-19 feita em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac – foi a primeira a chegar aos braços da população brasileira. O imunizante também foi utilizado no Projeto S, importante estudo de vida real realizado em Serrana, no interior do estado de São Paulo. Após atingir 75% da população imunizada, a epidemia local foi controlada, provando a eficiência da vacina. Até hoje, 114 milhões de doses da CoronaVac já foram entregues para o Plano Nacional de Imunização (PNI).
Reportagem: Natasha Pinelli
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