Imunologistas, infectologistas e pediatras das principais sociedades médicas brasileiras manifestaram apoio ao uso da CoronaVac na vacinação de crianças e adolescentes contra Covid-19 no Brasil, apontando que a vacina do Butantan e da Sinovac tem alta proteção contra a doença e é uma forte aliada na prevenção de hospitalizações e mortes.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) emitiram um parecer favorável ao uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de seis a 17 anos no Brasil, destacando as altas taxas de proteção do imunizante e a necessidade de usá-lo para conter a letalidade da Covid-19 neste público. A nota foi publicada após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso emergencial da CoronaVac para a faixa etária de seis a 17 anos no último dia 20.
“A SBIm, a SBP e a SBI manifestam-se favoráveis à autorização da CoronaVac para a faixa etária de 6 a 17 anos, com esquema de duas doses de vacina de 3µg (600 SU), com intervalo de 28 dias, mesmo esquema e dose utilizada na população adulta”, escreveram em nota divulgada no site das entidades.
A Sociedade Brasileira de Imunologia também demonstrou apoio à inclusão da CoronaVac na vacinação contra a Covid de crianças e jovens no país. "Dadas as circunstâncias epidemiológicas, a falta de estudos nesta faixa etária e a presumível segurança de uma vacina inativada parece razoável recomendar a aprovação emergencial."
CoronaVac é altamente imunogênica em crianças
Na nota conjunta, os especialistas destacam os resultados dos estudos internacionais de efetividade da CoronaVac em crianças. Mais de 211 milhões de doses já foram aplicadas em crianças em ao menos seis países. “Existem estudos publicados de fase 1 e 2 em crianças e adolescentes mostrando que após duas doses da CoronaVac (em duas concentrações diferentes – 1,5μg e 3,0μg), as taxas de soroconversão de anticorpos neutralizantes foram superiores a 96% [...]. Nas crianças e adolescentes de três a 17 anos que receberam duas doses com 3,0μg, houve 100% de soroconversão, com uma resposta de anticorpos neutralizantes em concentrações não inferiores às observadas em adultos de 18-59 anos e maiores de 60 anos, respectivamente.”
CoronaVac pode evitar hospitalizações e mortes
Na nota, os especialistas destacam também a necessidade de frear o adoecimento e mortes por Covid-19 em crianças no país. Isso porque o Brasil tem uma das maiores taxas de mortalidade infantil por Covid-19 do mundo: mais de 1.400 crianças de até 11 anos mortas pela doença desde o início da pandemia. Além disso, a doença já é a segunda causa mais frequente de mortalidade infantil no Brasil entre cinco e 11 anos, segundo dados do Ministério da Saúde somados aos do Sivep-Gripe, plataforma da Fiocruz que notifica os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave por Covid-19 (SRAG).
“A carga da doença na população brasileira de crianças e adolescentes é relevante, com taxas de letalidade e de mortalidade superiores às registradas em países da Europa ou América do Norte, incluindo até o momento milhares de hospitalizações e de mortes pela Covid-19”, descreveu a nota publicada nos sites das sociedades em 24/1.(https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/23.01.carta-divulgacao-sbim-sbi-sbp-anvisa-coronavac-criancas.pdf)
CoronaVac pode evitar sequelas pós-Covid
Outro ponto considerado pelos especialistas para a inclusão da CoronaVac é pela incidência de sequelas pós-Covid em crianças e adolescentes pelo país. Pesquisas já demonstraram que casos como estes são muito mais raros em pessoas vacinadas.
“No grupo etário em questão, além de outras já demonstradas consequências da infecção em crianças, como a Covid-19 longa e a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), todas elas de potencial gravidade neste grupo etário”, destacou a nota.