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Vacinação e prevenção fizeram aldeia indígena de São Paulo chegar a quase Covid-zero em seu território

Moradores contaram com isolamento, informação e imunização para evitar que a doença se espalhasse


Publicado em: 19/05/2022

Os moradores da aldeia Tapirema da Terra Indígena (TI) Piaçaguera, em Peruíbe (SP), apostaram na prevenção para evitar que a Covid-19 se alastrasse pelo seu território com notório êxito. Estes cuidados envolveram isolamento social, vacinação em massa e palestras de prevenção contra a doença, que resultaram em uma cartilha contra Covid-19 escrita em tupi-guarani em parceria com o Instituto Butantan.

Tanto cuidado fez efeito: apenas uma pessoa foi contaminada com o SARS-Cov-2 entre as 30 que vivem na aldeia. A infecção foi importada de Brasília e detectada antes da chegada do aldeado, que foi mantido em isolamento na aldeia até se livrar da doença, conta a educadora indígena Guaciane da Silva Gomes, de 30 anos, uma das lideranças da aldeia Itapirema. Antes disso, os indígenas permaneceram isolados nos primeiros meses de pandemia justamente para conter um contágio massivo.

“Ficamos isolados na aldeia e só saíamos por necessidade até entendermos melhor o que estava acontecendo. Também tivemos bastante palestras na aldeia falando sobre o vírus”, recorda a professora.

A Fundação Nacional do Índio (Funai) Litoral Sudeste, braço regional do órgão, recomendou o isolamento e o uso de máscaras pelo fato de os povos indígenas serem considerados mais vulneráveis ao vírus. Ambos hábitos foram acatados pelos indígenas, afirma Marcos Cantuária, coordenador regional da Funai Litoral Sudeste.

“Houve um trabalho forte de esclarecer para eles como o vírus estava atuando na sociedade como um todo até chegarem as vacinas”, diz.

Para dar suporte no momento de isolamento, a Funai e a Comissão Pró-Índio, organização civil formada por antropólogos e advogados que fornece suporte jurídico e médico às comunidades indígenas, distribuíram máscaras e embalagens de álcool gel na aldeia, “apoio importante para os aldeados”, afirma Guaciane.

 

 

"Difícil não ficar todo mundo junto"

Mas para um povo que vive em comunidade como os indígenas, o isolamento foi uma mudança e tanto de vida, lembra a educadora indígena Nhandedjaryi Catarina Kunhã Numbopyruá, 71 anos, anciã da aldeia, onde até a cozinha é comunitária.

“Foi difícil não poder abraçar, não ficar todo mundo junto porque &eacu