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Resultados da CoronaVac em Serrana comprovam efeitos protetores indiretos da imunização


Publicado em: 15/12/2021

O Projeto S, estudo de efetividade da vacina CoronaVac realizado na população do município de Serrana, interior de São Paulo, mostrou que o imunizante foi capaz de controlar o SARS-CoV-2 e produzir efeitos protetores diretos e indiretos na população. Com a técnica de pesquisa escalonada por conglomerados, a CoronaVac foi administrada de forma acelerada em quatro diferentes grupos, possibilitando a rápida redução dos casos e mortes, e inclusive a proteção de não vacinados.

Em três meses, os 27 mil participantes da pesquisa estavam com o esquema vacinal completo (duas doses), o que equivale a 81,3% da população adulta e 60,9% da população urbana de Serrana. Nos indivíduos totalmente vacinados, o resultado foi uma efetividade de 80,5% para prevenir casos sintomáticos, de 95% contra hospitalizações e de 94,9% na prevenção de mortes.

 

A efetividade geral da CoronaVac em toda a população, incluindo a parcela de não vacinados, foi de 48,1% para prevenir casos sintomáticos, hospitalizações e mortes relacionadas à Covid-19. Mesmo diante de uma nova variante (na época, a gama) e da tendência de aumento de casos nas cidades próximas, em Serrana a vacinação acelerada permitiu o controle da doença.

“Um efeito protetor indireto significativo foi observado na semana epidemiológica 13, quando a cobertura da população adulta atingiu 52%. Notavelmente, a diminuição máxima na incidência de casos ocorreu na semana 15, o que corresponde a uma semana após o grupo Azul [último grupo] receber a segunda dose, e permaneceu baixa até o final do período experimental”, afirmam os autores no artigo.

Outra evidência de um efeito protetor indireto é que os grupos vacinados posteriormente no período experimental alcançaram a eficácia esperada antes mesmo da conclusão da imunização. Além disso, o número de casos de Covid-19 em crianças e adolescentes, grupo não vacinado, também foi reduzido.

 

O Projeto S foi o primeiro estudo no mundo a comprovar a efetividade de uma vacina em um contexto emergencial de saúde pública. Diante dos resultados, os pesquisadores ressaltam a importância de ampliar a imunização para promover a imunidade coletiva e frear a transmissão do vírus. “Os resultados de nosso estudo indicam claramente os efeitos indiretos de proteção na população não vacinada, mas o efeito direto da vacina é muito mais importante e todos os esforços devem continuar voltados para o aumento da cobertura vacinal”, apontam.