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Butantan participa de evento internacional sobre representatividade feminina nas lideranças e estratégias de inclusão

A conferência Women's Hemispheric Network discutiu os desafios e a importância do protagonismo feminino no mercado de trabalho


Publicado em: 04/11/2022

Nesta sexta (4), o Instituto Butantan participou do 11th Annual AS/COA Women's Hemispheric Network Conference, evento internacional realizado em Nova Iorque, Estados Unidos, e organizado pelo Conselho das Américas (AS/COA). A conferência reuniu mulheres que atuam na liderança em diferentes setores da indústria para abordar os avanços e os inúmeros desafios que ainda precisam ser enfrentados para fortalecer o protagonismo feminino, além de estratégias sobre como aumentar a representatividade nas empresas.

A diretora de Projetos Estratégicos do Butantan, Cintia Lucci, foi convidada como table leader e mediou uma discussão em uma mesa com outras dez mulheres para compartilhar experiências e propor soluções para incentivar a participação feminina na sociedade e nas empresas. “É sempre uma honra representar o Butantan e todas as mulheres e homens que atuam no instituto e que acreditam na importância do aumento da diversidade e da maior participação das mulheres no mercado de trabalho”, afirmou a diretora.

Dentro desse contexto, o Butantan lançou em maio o projeto Mulheres da Alta Gestão, coordenado por Cintia, que reúne periodicamente gestoras de diferentes áreas do instituto e convidadas externas para compartilhar experiências sobre os desafios que cada uma enfrenta em sua área de atuação e discutir ações para aumentar a presença das mulheres em posições de liderança. A participação do Butantan no evento da AS/COA é mais um reflexo desse trabalho.


Na abertura da conferência, a presidente da MSD/Merck para a América Latina, Sarah Aiosa, primeira mulher latina a ocupar este cargo, destacou a importância da diversidade para que ocorra o progresso. “Nós não iremos progredir enquanto todos parecerem iguais”, apontou. Com pais de Porto Rico e do Equador, seu primeiro trabalho foi em uma farmácia local em Nova Jersey, onde nasceu. Desde então, trabalhou em diferentes farmacêuticas, teve três filhos, alcançou o título de mestre em saúde pública, e se mudou para a Suécia durante a pandemia para atuar como CEO da MSD no país, antes de assumir o cargo atual.

“Meus valores são liderar com empatia, integridade, autenticidade, humildade, gratidão. Você não precisa de um título para ser uma líder. O que deve te motivar é o impacto que você tem nas pessoas que trabalham com você, e não a busca por um título.”

Sarah já participou de uma das reuniões do grupo Mulheres da Alta Gestão do Butantan, e compartilhou sua experiência e aprendizados à frente de um dos cargos mais elevados da indústria farmacêutica.

 


Desafios diários

Embora nos dias atuais a presença das mulheres em diferentes setores tenha se fortificado, ainda há muitos obstáculos pela frente. De acordo com a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, cônsul-geral do Brasil em Nova Iorque, as estatísticas mostram que, apesar das conquistas, ainda não existem motivos suficientes para celebrar. Para ela, é preciso que as mulheres confiem em si mesmas, confiem nas próximas e as ajudem a crescer.

“Hoje as mulheres estão onde elas querem estar, inclusive em casa, caso essa seja a sua escolha. Mas muitas que ficam em casa sofrem violência doméstica. No Brasil, as mulheres ocupam mais de 50% das vagas nas universidades, mas não os cargos de liderança. Somos mais de 50% do eleitorado, mas estamos votando em homens. Nossa representação no Congresso não chega a 20%.”

Para Sarah Aiosa, uma lição importante para aquelas que almejam a liderança é aprender a ficar confortável em situações desconfortáveis – já que esse tipo de situação acontece com frequência com mulheres que ocupam esses espaços. Além disso, segundo ela, é preciso que as mulheres pratiquem falar sobre os seus atributos, sua força e sua ambição. “Se imagine em um elevador, você vai ficar ali por três andares e encontra o CEO da empresa. Você tem alguns segundos para contar para aquela pessoa quem você é, o que você faz e para onde você vai. E pratique.”


O impacto da representatividade

Representatividade significa: “Se eu posso vê-la, eu posso ser como ela”. É o que afirmou a diretora administrativa e diretora global de Diversidade, Equidade e Inclusão da Blackrock, multinacional de investimentos estadunidense, Michelle Gadsden-Williams. Ela trabalhou em diferentes regiões do mundo, como Suíça, Hong Kong e Turquia, e diz que raramente via pessoas parecidas com ela – desde o nível júnior até os diretores.

“Ao longo dos anos, eu tenho feito tudo o que eu posso para cumprir a minha responsabilidade, que é assegurar que jovens mulheres me vejam, me escutem e se sintam valorizadas e importantes. Representatividade é a validação de que nós estamos aqui e que somos igualmente talentosas”.

Michelle também falou sobre a oportunidade de quebrar estereótipos, especialmente como mulher negra. Ela afirma que existem muitos estereótipos sobre a maneira como mulheres negras se posicionam e lideram, e como tudo isso é determinante para o seu sucesso. Para ela, é preciso continuar lutando por representatividade e que os líderes e as líderes priorizem contratar as pessoas sob essa perspectiva.

A conferência contou com outros nomes como Shelly Banjo, chefe do escritório da Bloomberg em Nova Iorque; Julianne Canavaggio, CEO da Lazard na América Latina; Nur Cristiani, diretora de Investimento Estratégico do J.P. Morgan na América Latina, entre outras.


 

Fotos: Hayley Pfitzer/Roey Yohai Photography