A vacina é considerada por especialistas como uma das maiores descobertas da ciência. Graças a elas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de três milhões de vidas são poupadas por ano. Mas você sabe como era o mundo antes das vacinas?
A expectativa de vida era menor, a saúde das pessoas era precária e a mortalidade era muito maior, resume o historiador e educador do Museu Histórico do Instituto Butantan, Gabriel Orlando.
No século 19, pouco depois da criação da primeira vacina, a expectativa de vida mundial não passava de 32 anos. Atualmente, com imunizantes contra dezenas de doenças à disposição da população, esse número é de 72,6 anos.
Gabriel Orlando enfatiza que, além de mortes, as doenças podem ocasionar problemas de saúde futuramente. É o caso da moradora de Serrana e participante do Projeto S Roseli Helena do Bem, vítima da poliomielite, doença que pode ser prevenida com a vacina de gotinhas desenvolvida por Albert Sabin e que passou a ser usada em todo o mundo a partir de 1962. O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994, mas é preciso manter a cobertura vacinal alta para que o vírus não retorne. “Acredito que esse é o grande legado da vacinação: aumento da qualidade e expectativa de vida”, diz Gabriel.
Doenças de ontem e de hoje
A primeira vacina da história foi desenvolvida em 1796 por Edward Jenner e protegia contra a varíola, uma das doenças mais letais da história. Ela matou mais de 300 milhões de pessoas no século 20 e foi erradicada em 1980. A OMS estima que mais de cinco milhões de vidas são salvas anualmente com a extinção da doença devido à vacinação, com a economia de mais de US$ 1 bilhão por ano.
Ao contrário da varíola – um problema já do passado –, o sarampo é um problema do presente, mesmo que já exista um imunizante seguro e eficaz. Antes da vacina ser aplicada em massa a partir de 1963, a doença causava cerca de 2,6 milhões de mortes por ano no mundo. Em 2017, foram 110 mil óbitos no mundo, a maioria de crianças com menos de cinco anos. Em 2019, uma queda na cobertura vacinal contra a doença ocasionou um aumento no número de mortes, que foi de 207 mil mortes, também atingindo majoritariamente crianças.
Para Gabriel, é preciso aprender com o passado e comparar como a sociedade era antes em relação aos índices de contaminação de doenças e as taxas de mortalidade e como é atualmente, com as vacinas. “Temos que nos amparar nas experiências que as gerações passadas tiveram com as doenças e apostar na vacina como o principal caminho para evitar sua disseminação na sociedade", completa.