"Quando soube que havia entrado em uma universidade pública chorei de alegria", diz Tainá Poma da Silva, 18 anos, aprovada em farmácia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na modalidade olímpica 2023. Isso porque, no ano anterior, a estudante conquistou o certificado de ouro na Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), organizada anualmente pelo Instituto Butantan.
Apaixonada por biologia, Tainá não poupou esforços ao participar do evento por três vezes, até conquistar seu objetivo. “Minha maior motivação foi saber que algumas universidades públicas contavam com a modalidade olímpica. Me esforcei para mandar bem na OBB, já que não teria condições de pagar por faculdades privadas”, afirma.
As chamadas “vagas olímpicas” são conferidas por um sistema de pontuação que tem como base o desempenho obtido pelo aluno, combinado a critérios específicos determinados por cada universidade - dispensando, assim, a necessidade de um vestibular. “Isso representa mais uma via de ingresso nas melhores universidades públicas do Brasil e uma transformação no método de seleção, reconhecendo aquilo que o estudante tem de melhor”, explica a coordenadora nacional da OBB, Sonia de Andrade Chudzinski.
Durante o período preparatório para a olimpíada, Tainá contou com a ajuda de um de seus professores, que organizou grupos de reforço para participantes da OBB. Além disso, ela organizou grupos de estudos em parceria com as amigas. “O apoio que demos umas às outras foi essencial. No final, todas nós conquistamos medalhas”, explica a jovem, reconhecendo a força e o exemplo que é para outras meninas.
O apoio da família, sempre fundamental, fez da escolha mais uma alegria. Agora, Tainá vislumbra novas possibilidades para o seu futuro: quer fazer atendimento ao público, mas também trabalhar em laboratório.
“Degrau por degrau, como se estivesse subindo uma escadinha”
Foi assim que o sergipano Caio Leite Albuquerque, 18 anos, definiu sua jornada na Olimpíada Brasileira de Biologia. Ele também participou das edições de 2020, 2021 e 2022, até ser medalhista de prata na última competição. “Isso manteve minha motivação e a crença de que, no fim, alcançaria a tão sonhada medalha”, lembra.
O estudante, que tem a mãe como exemplo de sucesso acadêmico, fica feliz em seguir os passos da matriarca, uma vez que seu desempenho na OBB garantiu uma vaga no curso de odontologia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Não conhecia esse processo de vagas olímpicas. Quando soube, decidi testar e deu certo. Optei por esse curso porque minha mãe é dentista, foi quase uma homenagem”, explica o agora universitário, que também foi aprovado, por meio do tradicional vestibular, para cursar Medicina em outras instituições de ensino, como a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a Universidade Tiradentes (UNIT) e a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP).
Para Sonia Andrade Chudzinski, é importante que os alunos comecem a participar da OBB desde o primeiro ano do ensino médio, para que entendam a estrutura da competição. “Assim eles já vão se familiarizando com as fases, provas e tipos de questões. Cada edição possui uma característica e isso possibilita diferentes experiências”, explica.
Dividindo seu tempo entre estudo e lazer, Caio afirma ter encarado tudo com leveza. “Talvez isso tenha sido um dos fatores que contribuíram para o meu bom desempenho nos estudos e provas”. Aos alunos que pretendem participar da OBB neste ano, o estudante dá a dica: “Resolvam testes antigos para entender o que é esperado nas olimpíadas. Também acho importante curtir o momento. Não vejam só como uma prova, mas como uma experiência a ser desfrutada”, completa.
Histórias de persistência, vitória e representatividade. Experiências como as de Caio e Tainá fazem o Brasil avançar nos mais diversos campos da sociedade.
Ainda dá tempo de se inscrever para a OBB 2023
As escolas da rede pública e privada podem inscrever seus alunos e alunas do Ensino Médio para a XIX Olimpíada Brasileira de Biologia (OBB), que neste ano abordará o tema Desafios socioambientais na erradicação de doenças: edição vacinas. Os cadastros vão até as 12h da próxima sexta (10/3) e devem ser feitos no site oficial do evento.
Além de representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Biologia (IBO) e na Olimpíada Ibero-americana de Biologia (OIAB), os medalhistas podem conseguir vagas em cursos específicos de instituições públicas, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal do ABC (UFABC) e a Federal de Itajubá (UNIFEI).
“É sempre muito gratificante ver um estudante que participou da OBB ingressar em universidades públicas via vaga olímpica. Mas é preciso aumentar o número de vagas e trazer mais universidades para essa modalidade, que privilegia o conhecimento do aluno”, pondera Sonia.
Organizada pelo Butantan desde 2017, a OBB tem apoio da Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB) e busca disseminar conhecimento nas áreas de biologia, aproximando jovens talentosos da pesquisa.
Reportagem: Paloma Santos
Fotos: Comunicação Butantan