Os pais podem confiar na imunização das crianças contra o SARS-CoV-2 e suas variantes, segundo a análise de especialistas da área de saúde tanto brasileiros quanto estrangeiros. Eles garantem que a vacinação é segura e eficaz, porque já protegeu idosos e adultos, e têm apresentado bons resultados também na população pediátrica em diversos países.
A reumatologista Eloisa Bonfá, diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), afirma que todas as vacinas causam muito mais efeitos benéficos que adversidades. A pesquisadora ressalta que os imunizantes com vírus inativado, como a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan e pela Sinovac, geralmente trazem ainda a vantagem de provocarem apenas reações muito leves, como dor passageira no local da aplicação. “A CoronaVac seria uma ótima opção para a população pediátrica.”
Boa parte das vacinas já usadas nas campanhas de vacinação infantis têm como plataforma a inativação do vírus, técnica empregada na vacina do Butantan, frisa o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria. “São bastante seguras, com uma larga experiência, de décadas.” Ele salienta que as crianças precisam ser imunizadas porque, desde o início da pandemia, a Covid-19 já matou mais do que todas as outras doenças infecciosas do calendário de vacinação infantil – 2.400 mortes na faixa etária abaixo de 19 anos, sendo a maioria delas sem comorbidades.
O epidemiologista Paulo Lotufo, professor titular de Clínica Médica da FMUSP, ressalta que a CoronaVac, imunizante hoje mais empregado em número de doses no mundo, poderia ter uma cobertura maior contra variantes: “Usa uma tecnologia muito conhecida e testada, então não temos muitas surpresas”.
Já na opinião do infectologista Alexis Kalergis, professor titular e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Chile, os familiares não precisam se preocupar porque já há muitos estudos que comprovam a segurança e a imunogenicidade da vacina em crianças. Em seu país, a aplicação infantil de três a seis anos começou no início de dezembro, com o imunizante de vírus inativado da Sinovac. Kalergis ressalta que a vacinação é a única maneira de evitar as complicações da doença, como a síndrome inflamatória multissistêmica.
Todo o processo da criação da vacina CoronaVac foi realizado com base em rígidos protocolos, que são exigidos para todos os medicamentos, como enfatiza a professora titular na Pontifícia Universidade Católica do Chile Susan Bueno. “As dúvidas dos pais são legítimas, são vírus novos e foram desenvolvidas vacinas em tempo bastante curto, comparado ao que conhecíamos anteriormente. No entanto, é importante ressaltar que todo o desenvolvimento se realizou com base na regulação”, afirma. “Foram aplicadas 100 milhões de doses nas crianças pequenas na China e os estudos realizados também na África do Sul, Quênia, Malásia e Filipinas têm provado que a vacina inativada é segura.”
O Butantan tem 12 milhões de doses de CoronaVac reservadas para a população pediátrica. O instituto encaminhou um pedido de avaliação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que a vacina possa ser aplicada na faixa etária de três a 17 anos no Brasil. O órgão regulador tem 30 dias para responder à análise. Até o momento, foi autorizada no país apenas a vacinação de cinco a 11 anos (dia 16/12) com o imunizante de RNA mensageiro.
Os médicos e pesquisadores Eloisa Bontá, Paulo Lotufo, Renato Kfouri, Alexis Kalergis e Susan Bueno participaram do CoronaVac Symposium, organizado pelo Instituto Butantan e pela Sinovac entre 7 e 9/12. Para saber mais sobre a vacinação pediátrica e os últimos estudos sobre imunização com a vacina de vírus inativado, é possível assistir às palestras completas do evento internacional nos vídeos disponíveis no site.