O Instituto Butantan será um dos órgãos contemplados com investimentos na Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), lançada nesta terça (26) pelo governo federal em Brasília. A iniciativa, que visa aumentar a autonomia do Brasil na produção de imunobiológicos, vai direcionar recursos para a construção de uma nova fábrica de vacinas de RNA mensageiro e otimização da fábrica de soros para produção liofilizada, que ampliará o acesso aos antivenenos no Brasil. O programa prevê um investimento total de R$ 42 bilhões na indústria de saúde nacional até 2026.
A nova estratégia foi apresentada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e da ministra da Saúde, Nísia Trindade, entre outras autoridades. O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, e o diretor executivo da Fundação Butantan, Saulo Simoni Nacif, estiveram presentes no evento.
Segundo Nísia Trindade, o objetivo do projeto é reduzir a vulnerabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar o acesso da população à saúde, por meio da absorção de novas tecnologias. “Um dos destaques é o acordo de cooperação entre Ministério da Saúde, Fiocruz e Butantan para atender as demandas tecnológicas do SUS e alavancar a pesquisa e produção em saúde”, afirmou.
A ministra lembrou que o Brasil importa R$ 20 bilhões em insumos de saúde e destacou a necessidade de superar essa dependência de recursos do exterior. “A pandemia de Covid-19 deixou muito clara a necessidade de fortalecer a produção local de bens e serviços. É preciso impulsionar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação.”
Diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás; presidente da Fiocruz, Mario Moreira; diretor executivo da Fundação Butantan, Saulo Simoni Nacif; e Mauricio Zuma, diretor da Bio-Manguinhos/Fiocruz
O vice-presidente, Geraldo Alckmin, ressaltou a importância do Butantan e da Fiocruz na história da saúde pública brasileira e a relevância do Programa Nacional de Imunizações (PNI), para onde é direcionada a maior parte da produção de vacinas do Instituto. “São entidades seculares que nasceram em razão da peste bubônica que acometia o Brasil no início de 1900. O país dependia do soro antipestoso importado do Pasteur, e as instituições se movimentaram para produzir o soro e a vacina em território nacional. Hoje, nós temos o melhor programa de vacinação do mundo.”
Os recursos da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do CEIS serão fornecidos pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), além da iniciativa privada.
Representando 10% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o setor de saúde garante a geração de 20 milhões de empregos diretos e indiretos e responde por um terço das pesquisas científicas no país.
Novas fábricas no Instituto Butantan
Os projetos do Butantan foram contemplados no âmbito do Programa para o Desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde (PROCIS), que busca fortalecer os produtores públicos. Os recursos deverão ser aplicados em uma plataforma de RNA mensageiro, uma das mais avançadas técnicas de desenvolvimento de imunizantes, e na expansão da capacidade de produção de soros, com a criação de uma nova área de envase e liofilização.
A partir da ampliação da fábrica de soros, a produção deverá dobrar de 500 mil para 1 milhão de frascos por ano, e a nova linha de liofilização permitirá a produção de 440 mil frascos de soros na forma liofilizada. Os antivenenos liofilizados não precisarão ser mantidos sob refrigeração, facilitando sua conservação e garantindo que esses tratamentos cheguem às áreas mais remotas do Brasil.
Já com a nova área de envase, o Instituto terá capacidade para envasar 5,5 milhões de frascos (na forma líquida) anualmente, tanto de soros como vacinas.
O complexo industrial do Butantan é composto hoje por seis fábricas, onde são produzidos soros, vacinas e anticorpos monoclonais. Em junho do ano passado, o Instituto inaugurou o Centro de Produção Multipropósito de Vacinas (CPMV), uma estrutura totalmente automatizada com capacidade de produção em cinco diferentes plataformas vacinais e certificação Nível de Biossegurança 3.
Nova Estratégia do Complexo Econômico-Industrial da Saúde prevê investimentos de R$ 42 bilhões.
(Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Reportagem: Aline Tavares