Com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões relacionadas ao envelhecimento populacional – uma tendência global e irreversível, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) – desde 1991 o Dia Internacional da Pessoa Idosa é celebrado em 1º de outubro. Até 2050 o número de pessoas acima de 65 anos no mundo deverá mais do que dobrar, saltando de 761 milhões para 1,6 bilhão. No Brasil, onde os idosos atingiram a marca de 30 milhões em 2021 e a expectativa de vida superou os 76 anos, o acesso democratizado às vacinas tem tudo a ver com o aumento da longevidade e a qualidade de vida da população.
Com o avançar da idade, é normal que o organismo fique mais suscetível às infecções causadas por vírus e bactérias. Uma vez que as vacinas estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos, manter a imunização dos mais velhos em dia é essencial não apenas para prevenir o aparecimento de doenças, mas também para evitar a evolução de quadros mais graves – algo comprovado durante a recente pandemia de coronavírus.
Um estudo conduzido pelo Observatório Covid-19 e publicado no periódico The Lancet Regional Health Americas mostrou que no Brasil os imunizantes capazes de combater o SARS-CoV-2 – entre eles a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac – salvaram de 54 mil a 63 mil pessoas com 60 anos ou mais de janeiro a agosto de 2021. Neste mesmo período, a imunização também evitou de 158 mil a 178 mil internações de idosos nos hospitais brasileiros.
As vacinas dupla bacteriana, pneumocócica, gripe e Covid-19 fazem parte do calendário vacinal do idoso
Calendário de vacinação do idoso
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) mantém um calendário vacinal específico para essa população. O documento contempla as vacinas dupla bacteriana do tipo adulto (dT), capaz de prevenir a difteria e o tétano, uma vez que é necessário tomar uma dose de reforço a cada 10 anos; e a pneumocócica 23-valente (PPV 23), que protege contra infecções nos pulmões, ouvidos e sangue (sépsis) e da meningite bacteriana. A PPV 23 é indicada para pessoas a partir de 60 anos ainda não vacinadas, que vivem acamados ou em instituições fechadas, como casas geriátricas, hospitais, unidades de acolhimento, asilos e casas de repouso.
Em casos especiais, idosos nunca vacinados contra a febre amarela podem receber o imunizante, mas apenas mediante prescrição médica.
Por fim, a faixa etária integra o grupo prioritário das campanhas de reforço da Covid-19 e da dose anual contra a gripe, quando é aplicada a vacina trivalente da Influenza. Infelizmente, ambas coberturas vacinais se encontram abaixo do índice de 90%, preconizado pelas entidades de saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde, apenas 62% dos idosos tomaram a vacina da gripe neste ano; enquanto pouco mais de 12 milhões de pessoas acima de 60 anos tomaram a dose de reforço da vacina bivalente contra a Covid-19 – para efeito comparativo, 30 milhões de idosos receberam a primeira dose da vacina no ápice da pandemia.
No Museu da Vacina, cartazes antigos estampam campanhas dedicadas ao público idoso
Rede privada
O calendário de vacinas divulgado pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) inclui outros dois imunizantes, disponíveis apenas na rede particular de laboratórios. São eles o da hepatite B, que protege contra infecções no fígado, e o de herpes zoster, que combate uma doença que aparece na pele. Conhecido também como “cobreiro”, esse último costuma ser provocado pela reativação do vírus varicela-zóster – o mesmo da catapora –, sendo potencialmente debilitante para os idosos, uma vez que pode causar dor crônica, prolongada e de difícil controle.
Reportagem: Natasha Pinelli
Fotos: Comunicação Butantan