Portal do Butantan

Varíola dos macacos atinge países da Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália e acende alerta para surtos da doença em humanos

Doença que atinge macacos e ratos também pode infectar humanos; via de transmissão está sendo investigada


Publicado em: 20/05/2022

Casos de varíola dos macacos foram notificados em pessoas de vários países da Europa, nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália, deixando as autoridades de saúde destas e de outras nações em alerta. O vírus da varíola símia, alocado em animais como macacos e ratos, é semelhante ao da varíola humana, inclusive nos sintomas. Porém, o contágio entre humanos é considerado raro e essa é a primeira vez que cadeias de transmissão são relatadas na Europa sem ligações epidemiológicas com a África Ocidental e Central, onde a doença é endêmica.  

A via de contágio ainda está sendo investigada, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês)

A varíola é causada pelo contato com gotículas ou secreções de infectados e é combatida com vacinação. Mas como a doença foi considerada erradicada no planeta em 1980, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a imunização em massa deixou de ser feita no Brasil e em outros países que ofereciam a vacina. 

Com o retorno dos casos, o Reino Unido, que notificou os primeiros infectados de 2022, voltou a vacinar casos suspeitos porque o imunizante é capaz de combater a infecção da varíola símia, informou a Agência de Segurança em Saúde do país (UKHSA, na sigla em inglês).

Até esta sexta-feira (20), a Direção Geral da Saúde (DGS) de Portugal confirmou mais de 20 casos de varíola dos macacos no país. A Espanha também registrou 30 casos, todos da capital Madri, o que faz do país o que tem a maior incidência de casos na Europa. 

Segundo a UKHSA, o Reino Unido confirmou laboratorialmente 11 casos da doença em todo o seu território, a maioria na Inglaterra. Os três primeiros casos foram ligados a um homem que viajou à Nigéria, país onde a doença é endêmica, e seus familiares. Mas o restante dos casos indica uma possível transmissão comunitária, pois nenhum dos infectados viajou para fora do país, segundo a UKHSA. A UKHSA e a OMS reconhecem que a doença pode ser adquirida por qualquer pessoa que tiver contato com uma pessoa ou animal infectado, isto é, homens, mulheres e crianças. 

Disseminação em outros países

França, Alemanha e Suécia confirmaram o primeiro caso da doença em seus territórios; Bélgica ao menos dois casos; Itália pelo menos três, segundo imprensa e governos locais. 

O caso alemão foi registrado na Baviera na quinta-feira (19), de acordo com o Instituto Bundeswehr de Microbiologia em Munique. O paciente apresentava sintomas de lesões cutâneas, uma das principais características da doença. O caso francês foi detectado em um homem de 29 anos na região de Paris. As autoridades de saúde francesas alegaram que o homem não esteve recentemente em um país onde o vírus estava se espalhando. 

A Bélgica relatou dois casos na região de Flandres. O caso sueco está com sintomas, mas sem gravidade, informou em nota a Agência Sueca de Saúde Pública. Já os casos italianos estão ligados a um homem que viajou às Ilhas Canárias, na Espanha. 

Na quinta (19), o Ministério da Saúde da Austrália confirmou o primeiro caso da varíola dos macacos detectado no país, em um homem de 30 anos que voltou recentemente do Reino Unido. 

Nos Estados Unidos, um caso de varíola dos macacos foi confirmado na quarta (18) em um residente de Massachussetts que viajou recentemente ao Canadá, segundo os cientistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês)

Já o Canadá confirmou um caso, segundo o Ministério da Saúde e Serviços Sociais de Quebec, em comunicado no mesmo dia. O governo da região investiga outros dez casos e Montreal, também no Canadá, investiga 17 casos suspeitos.  

A varíola dos macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem casos relatados. Desde então, houve mais de 450 casos relatados no país africano e pelo menos oito casos exportados internacionalmente. 

“Muitos desses relatos globais de casos de varíola dos macacos estão ocorrendo dentro de redes sexuais. No entanto, os profissionais de saúde devem estar atentos a qualquer lesão na pele que tenha características típicas da varíola dos macacos. Estamos pedindo ao público que entre em contato com seu médico se eles tiverem uma nova erupção cutânea e estiverem preocupados com a varíola dos macacos”, disse a diretora da Divisão de Altos Índices do CDC Inger Damon, especialista em varíola.