Um novo estudo realizado por pesquisadores chineses é o primeiro a evidenciar a persistência da presença de anticorpos neutralizantes seis meses após a aplicação da dose de reforço da CoronaVac, vacina do Butantan e da Sinovac contra a Covid-19, e mostra que os indicadores são ainda melhores entre idosos. O trabalho, realizado por pesquisadores chineses da Universidade de Fudan, do Centro de Prevenção e Controle de Doenças de Hebei e da Sinovac, foi publicado em 21/12 na plataforma de preprints SSRN, da revista científica britânica The Lancet.
Foram analisados 58 voluntários com idades entre 18 e 59 anos, e 99 voluntários com mais de 60 anos. Todos haviam completado o esquema vacinal com duas doses de CoronaVac e recebido uma dose de reforço do mesmo imunizante. Entre os diversos grupos e dosagens da vacina analisados, os pesquisadores deram destaque ao esquema vacinal com intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda dose, com a administração da dose de reforço oito meses depois.
No grupo entre 18 e 59 anos, o nível médio de anticorpos neutralizantes registrados 28 dias após a segunda dose, era de 49,1; 28 dias após a dose de reforço, o nível era 143,3; e decorridos seis meses da dose de reforço, 36,4. No grupo acima dos 60 anos, o nível médio de anticorpos neutralizantes 28 dias após a segunda dose era de 41,2; 28 dias depois da aplicação da dose de reforço, o nível era de 158,5; e seis meses após a dose de reforço, 53,2. Os indicadores mostram um resultado ainda melhor da CoronaVac entre idosos, comprovando, mais uma vez, a eficácia da vacina nesse público.
De acordo com os pesquisadores, “nosso ensaio de fase 2 entre adultos de 18 anos ou mais fornece evidências preliminares de persistência imunológica da imunogenicidade estimulada pela CoronaVac decorridos 180 dias após três doses”. “Em conclusão, uma dose de reforço homóloga de CoronaVac administrada oito meses após a imunização primária de duas doses reativa os níveis robustos de anticorpos neutralizantes e atrasa significativamente a atenuação de anticorpos em adultos com 18 anos ou mais.”
No artigo, os pesquisadores afirmam que a memória imune é o que leva à imunidade de longo prazo, mas ressaltam que é difícil prever quanto tempo a imunidade vai durar porque os mecanismos exatos de resposta protetora contra o vírus SARS-CoV-2 e a Covid-19 ainda não estão claros para a ciência.
*Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan