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Terceira dose de CoronaVac é eficaz para recuperar resposta imune em imunossuprimidos, indica pesquisa do HC da USP

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Publicado em: 09/12/2021

A terceira dose de CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, demonstrou ser eficaz para recuperar a resposta imune em imunossuprimidos diminuída seis meses após a segunda dose e, sobretudo, pelo uso de medicamentos que afetam o sistema imunológico, afirmou a diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Eloisa Bonfá. A declaração foi realizada durante o CoronaVac Symposium, evento online e gratuito que discute os principais estudos e descobertas sobre o imunizante.

A equipe de Eloisa, que estuda os efeitos de vacinas anti-Covid em pacientes com doenças reumatológicas autoimunes, avaliou a durabilidade da proteção da vacina seis meses após a segunda dose e a proteção dada em parte destes pacientes (597 imunossuprimidos na comparação com 200 voluntários do grupo controle) após a terceira dose, de um total de 910 pacientes analisados.

“Houve uma queda importante de IGG, GMT e de níveis de anticorpos neutralizantes e eu queria chamar atenção para dizer que isso aconteceu também com outras vacinas, como as de RNA, com mais de quatro vezes a diminuição de IGG depois de seis meses em profissionais de saúde e no gênero masculino”, disse.

Segundo a pesquisadora, a dose de reforço foi preponderante para recuperar a proteção. “Com a dose de reforço, houve uma resposta geral robusta, com 93% de positividade para IGG e 81% para anticorpos neutralizantes e GMT muito alto e bastante impressionante. A terceira dose foi eficaz para recuperar a resposta imune nessa população”, afirmou.

 

Medicações afetam resposta da vacina

De acordo com a pesquisadora, o uso de medicamentos específicos para conter os sintomas das doenças reumáticas autoimunes é o principal fatorde interferência da resposta da vacina entre os imunossuprimidos.

“Com essa distinção, temos 70% de resposta quando consideramos aqueles pacientes sem exposição. Se incluirmos soropositivos [pessoas que já tiveram Covid-19], temos quase 80% de resposta, levando em consideração que usamos terapias de imunossupressão em maior quantidade”, completou.

Quando o time da pesquisadora estudou especificamente pacientes com lúpus, a resposta à CoronaVac foi semelhante à vista em vacinas de RNA mensageiro, explicou Eloisa. “Tivemos a mesma frequência de soropositividade de IGG 70% que eles tiveram com as vacinas de RNA mensageiro. Com isso, achamos que temos argumentos para dizer que as vacinas não são diferentes [neste público], mas a medicação que os pacientes usam é que faz a diferença”.

O estudo avaliou 910 pacientes com doenças reumáticas autoimunes (DRA) não expostos ao coronavírus e que fazem tratamentos no Hospital das Clínicas. Os pacientes foram avaliados por 40 dias até completarem o esquema vacinal com três doses da CoronaVac. Somente três foram hospitalizados até dez dias após a segunda dose e nenhuma hospitalização foi reportada durante os demais dias.

Bonfá destaca que o estudo foi realizado em meio à segunda onda da pandemia em São Paulo, onde os casos de Covid-19 haviam aumentado 45% na cidade. “No entanto, entre os voluntários do estudo houve uma redução de 81% dos casos no período de resposta completa da vacina”.

 

 

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