Quem contrai Covid-19 e já possui alguma comorbidade, tem uma chance maior de evoluir para um caso grave do que outra pessoa totalmente saudável. De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde, pacientes com diabetes mellitus têm um sobre-risco aumentado de 4,2 vezes diante do SARS-CoV-2; quem tem doença renal crônica tem um sobre-risco de 3,2; e pessoas com outras pneumopatias crônicas, um sobre-risco de 2,2. Por isso, os 22 milhões de brasileiros com comorbidades entre os 18 e os 59 anos foram o 14º grupo a ser vacinado no Brasil, após os idosos.
Além de um risco maior de desenvolver um caso grave de Covid-19, pessoas com comorbidades também devem ser mais cautelosos em relação a qualquer tipo de medicamento, já que podem sofrer efeitos adversos não previstos. É por isso que a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, é a mais recomendada para pessoas com comorbidades. Além de ter o mais alto perfil de segurança dentre os imunizantes disponíveis no Brasil contra a Covid-19, diversas pesquisas provaram sua eficácia neste grupo.
A equipe do Butantan compilou as cinco principais pesquisas científicas que mostram a efetividade da CoronaVac para grupos de risco, pacientes com comorbidades e imunossuprimidos.
CoronaVac gera alta proteção contra Covid-19 em pacientes que convivem com a hepatite B
A conclusão faz parte de um estudo publicado por pesquisadores chineses em artigo na revista Cellular & Molecular Immunology, do grupo Nature, em 15/11. Segundo a pesquisa, após receber a segunda dose do imunizante, os pacientes apresentaram uma taxa de soroconversão de 87,25% para anticorpos IgG, e de 74,5% para os anticorpos neutralizantes. O trabalho foi realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Huazhong de Ciência e Tecnologia, de Wuhan, na China, onde eclodiu a pandemia de Covid-19. Participaram do estudo 284 pacientes com infecção crônica de hepatite B, sendo que 81 deles não haviam sido vacinados, 54 haviam tomado apenas a primeira dose da vacina, e 149 haviam completado o esquema vacinal de duas doses.
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CoronaVac traz níveis elevados de proteção para pessoas com HIV
Dois estudos científicos publicados por pesquisadores do Brasil e da China evidenciam que a CoronaVac é segura e capaz de gerar níveis elevados de proteção contra o SARS-CoV-2 em pessoas infectadas pelo vírus HIV, causador da AIDS. O trabalho “Safety and Immunogenicity of CoronaVac in People Living with HIV”, realizado por pesquisadores do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e publicado em setembro na plataforma de preprints SSRN, avaliou a segurança e imunogenicidade da CoronaVac em 215 pessoas que vivem com HIV, na comparação com 296 pessoas sem imunossupressão conhecida. Todos os participantes receberam duas doses de CoronaVac com um intervalo de 28 dias. Quatro semanas após a segunda dose da vacina, a porcentagem de participantes com positividade para anticorpos neutralizantes SC e NAb foi alta tanto para o grupo com HIV quanto no grupo controle. Nenhuma reação adversa séria foi relatada durante o estudo entre pessoas com HIV ou nos participantes não imunossuprimidos.
Em outubro, outro estudo realizado por pesquisadores chineses e publicado na plataforma SSRN também trouxe evidências de que a CoronaVac é segura para pessoas vivendo com o vírus HIV, e que as pessoas deste grupo, quando totalmente imunizadas no esquema de duas doses da vacina do Butantan, podem alcançar níveis elevados de proteção contra o SARS-CoV-2, similares aos observados nos indivíduos HIV-negativos.
CoronaVac é eficaz contra a Covid-19 em pacientes com câncer
Um estudo realizado por pesquisadores que trabalham em sete hospitais e duas universidades de Ancara, na Turquia, e publicado no início de agosto na revista Future Oncology, mostrou que a CoronaVac é eficaz e gera proteção em relação à Covid-19 em pacientes em tratamento contra o câncer. Houve soroconversão (ou seja, formação de anticorpos) em 63,8% das pessoas analisadas, duas semanas após a aplicação da segunda dose do imunizante. A taxa de imunogenicidade chegou a 100% nos pacientes que receberam apenas anticorpo monoclonal ou imunoterapia como medicação. Além disso, nenhum dos pacientes apresentou infecção por Covid-19 em um acompanhamento médio de 85 dias após completarem o esquema vacinal. O intervalo entre a aplicação das duas doses de CoronaVac foi de 28 dias.
CoronaVac aumenta em 70% anticorpos contra Covid-19 em pacientes imunossuprimidos
Pacientes com doenças reumatológicas autoimunes apresentaram um aumento de 70,4% no nível de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 duas semanas após receberem a segunda dose da CoronaVac. Além de aumentar a soroconversão dos pacientes imunossuprimidos, a CoronaVac também elevou em 56,3% a quantidade de anticorpos neutralizantes. As conclusões são de um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) com 910 pessoas e estão descritas em um artigo divulgado no final de julho na publicação científica Nature Medicine. O resultado é extremamente positivo porque mostra que a CoronaVac não só é bem aceita pelo organismo de pacientes imunossuprimidos (que têm mais dificuldade para produzir anticorpos), como gera um alto nível de anticorpos de defesa e neutralizantes.
CoronaVac ajuda a melhorar imunidade em pacientes transplantados
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Butantan, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Hemocentro de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 43% dos pacientes transplantados de rim geraram anticorpos contra a Covid-19 15 dias após receberem a segunda dose da CoronaVac (ou seja, apresentaram soroconversão). O trabalho foi desenvolvido no Hospital do Rim e seus resultados preliminares foram divulgados em artigo na revista Transplantation, a principal publicação mundial da área de transplantes. Os 910 pacientes imunossuprimidos participantes da pesquisa foram vacinados em dois dias. Pouco depois da segunda dose, quando os anticorpos ainda estavam em produção, houve 33 casos de Covid-19; 40 dias depois, esse número havia caído para seis casos.