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Butantan sedia curso sobre desenvolvimento de vacinas com especialistas do Brasil e de instituições internacionais

Curso de 16 horas-aula contou com especialistas do Instituto, da International Vaccine Institute, Replicate Bioscience e universidades de Duke, Rochester, USP e UFMG


Publicado em: 15/10/2024

Com o intuito de fomentar uma visão global e a troca de conhecimento sobre vacinas entre seus profissionais e os de instituições nacionais e internacionais, o Instituto e a Fundação Butantan sediaram o curso Butantan Sessions: Vaccine Development entre os dias 11 e 14 de outubro, no Centro Administrativo da instituição. 

O curso foi desenvolvido pelo professor adjunto da Universidade de Rochester e colaborador do Instituto Butantan, Thomas Evans, em conjunto com as diretorias do Instituto e da Fundação Butantan. A carga horária foi de 16 horas, divididas em 19 aulas e com oferecimento de certificado. 

As palestras foram ministradas por especialistas da Escola de Medicina da Universidade Duke, da Universidade de Rochester e da empresa Replicate Bioscience, todas dos Estados Unidos; além de especialistas do International Vaccine Institute (IVI), da Coreia do Sul; da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP); da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e das áreas de pesquisa, desenvolvimento, produção e negócios do Butantan.

Uma das aulas que o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallas, ministrou foi “Aspectos básicos das respostas imunológicas das células T"

 

“Estamos começando uma iniciativa de educação no Butantan, com dois dias de atividades, nos quais estudamos desde a parte básica dos conceitos de imunologia, de desenvolvimento e os novos produtos, até os processos de qualidade e manufatura. O objetivo foi fazer uma revisão geral aqui no Instituto e com pessoas que vieram nos visitar”, disse o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, na abertura do curso. 

Esper, que é infectologista e professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), onde é livre-docente desde 2009, ministrou as aulas “Aspectos básicos das respostas imunológicas das células T” e “Correlatos de Imunidade” na sexta (11).

Para Thomas Evans, que ministrou as aulas “Imunidade de mucosa e imunidade de memória” e “Plataformas vacinais”, o curso foi pensado para informar os colaboradores do Butantan sobre o que outros profissionais estão fazendo em suas áreas. “É um curso básico sobre todas as partes de desenvolvimento de uma vacina”, afirmou.

O professor adjunto da Universidade de Rochester e colaborador do Butantan, Thomas Evans, durante a aula “Plataformas vacinais"

 

O diretor da Fundação Butantan, Saulo Nacif, um dos idealizadores do curso, junto com Esper e Thomas, ressaltou a importância da visão 360° do desenvolvimento de vacinas, sobretudo para os profissionais de outras áreas.

“Há pessoas como eu que vem de áreas de estratégia, negócios, e de outras indústrias, que acabam aprendendo no dia a dia, mas precisam da visão de como se desenvolve uma vacina do começo ao fim. Se há alguém na América Latina que sabe produzir vacinas e que está na vanguarda de desenvolvimento não só de vacinas, mas futuramente de anticorpos monoclonais e de outros imunobiológicos, é o Butantan.

Então, o curso ajuda a reconhecer um papel que o Butantan já tem”, afirmou ele. Saulo é engenheiro de Mecânica-Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), com carreira de mais de 30 anos em consultoria estratégica e melhoria de performance em grandes empresas nacionais e multinacionais.

O diretor da Fundação Butantan, Saulo Nacif, foi um dos idealizadores do curso

 

Visão global

As aulas abordaram desde aspectos básicos da pesquisa de candidatos vacinais, até os dados mais atualizados sobre plataformas como a de RNA mensageiro; adjuvantes; fases de pesquisa clínica; formulação e manufatura; além de pesquisas recentes sobre avaliação de risco; controle de qualidade e dados de mercado e propriedade intelectual, entre outros.
Thomas Evans discorreu sobre os avanços nas pesquisas com vacinas em aerossol e orais, destacando que ainda são necessários mais dados sobre correlatos de imunidade em sua palestra “Imunidade de mucosa e imunidade de memória”. E, por último, avaliou quesitos de segurança no desenvolvimento de vacinas na aula “Avaliação de segurança”.

Thomas Denny, pesquisador do Duke Global Health Institute, ministrou a aula "Desafios na fabricação de vacinas"

 

O professor da Escola de Medicina da Universidade Duke e pesquisador do Duke Global Health Institute, Thomas Denny, abordou o desenvolvimento de processos em diferentes escalas de produção de vacinas. “A transição rápida da pesquisa para a clínica requer plataformas de bioprocessamento eficientes e fabricação flexível para reduzir o tempo e o custo de fabricação”, descreveu. Thomas Denny também ministrou a aula “Desafios na fabricação de vacinas”, na qual destacou uma série de pontos que precisam ser considerados no momento de se desenhar uma nova candidata vacinal. 

 Jae Seung Yang, diretor de Imunologia Clínica do IVI, ministrou a aula “Avaliação da imunogenicidade de vacinas em ensaios clínicos”

 

O diretor de Imunologia Clínica do IVI, Jae Seung Yang, ministrou a aula “Avaliação da imunogenicidade de vacinas em ensaios clínicos”. Já o o cofundador e diretor de desenvolvimento da Replicate Bioscience, Andy Geall, falou sobre estudos de estabilidade usados no desenvolvimento de formulações e protocolos clínicos de diluição e estudos de compatibilidade em vacinas de RNA mensageiro na aula “Noções básicas de formulação”.

O cofundador e diretor de desenvolvimento da Replicate Bioscience, Andy Geall, em sua palestra intitulada “Avaliação da imunogenicidade de vacinas em ensaios clínicos”

 

Expertise nacional

A imunologista e pesquisadora científica pela Faculdade de Medicina da USP Cássia Silveira abriu as sessões de sexta (11), com a aula “Aspectos básicos das respostas imunológicas de células B”. No mesmo dia, o gerente de desenvolvimento e inovação de produtos do Butantan, Paulo Lee Ho, abordou a importância do uso de adjuvantes na formulação de vacinas, e a diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos, detalhou os processos de pesquisa pré-clínica e clínica – divididas em fase 1, 2, 3 e 4 com farmacovigilância. 

 Cássia Silveira, imunologista e pesquisadora científica pela Faculdade de Medicina da USP, abriu o curso com a aula “Aspectos básicos das respostas imunológicas de células B”

 

“O desenvolvimento de vacinas traz alguns desafios diferentes do de medicamentos porque precisamos de uma resposta imune duradoura, além de termos todo o processo produtivo de formulação: quais são as indicações, já que temos muitas vacinas para crianças, grávidas, para doenças respiratórias, e como vamos entender a faixa de indicação e o impacto que pretendemos causar com essa introdução”, ressaltou Fernanda Boulos.

Na segunda (14) foi a vez do diretor de pesquisa clínica do Centro de Tecnologia de Vacinas, de Belo Horizonte (MG), Helton Santiago, demonstrar a aplicabilidade de modelos de infecção controlada em humanos, ressaltando que estudos com este tema estão avançando mais no exterior do que no Brasil.

A diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos, ministrou duas aulas sobre pesquisas pré-clínica e clínica

 

No mesmo dia, o gerente de desenvolvimento analítico do Butantan, Rafael Silvestrim, discorreu sobre “Controle de Qualidade e Garantia da Qualidade”, detalhando como as áreas trabalham em sinergia para garantir a qualidade e segurança nos imunobiológicos produzidos no Instituto.

O diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos do Butantan, Gustavo Mendes, abordou “O pacote pré-clínico e a abordagem regulatória” mostrando o que as agências reguladoras internacionais e a agência brasileira requerem das fabricantes de vacinas antes da aprovação do produto.

 “O pacote pré-clínico e a abordagem regulatória” foi a aula ministrada pelo diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos do Butantan, Gustavo Mendes

 

Para oferecer uma visão do mercado de imunobiológicos, o diretor de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Butantan, Tiago Rocca, explanou sobre “Caracterização e abordagem do mercado”, debatendo insights advindos da pesquisa de dados do setor.

Para fechar o Butantan Sessions, o diretor Técnico de Inovação do Butantan, Cristiano Gonçalves, discorreu sobre “Propriedade Intelectual e questões legais”, dando detalhes sobre propriedade intelectual e o que é preciso para submeter patentes de descobertas científicas. 

“Estamos desenvolvendo uma política de inovação no Butantan, em conjunto com a Diretoria e o Jurídico, para tentar incentivar pesquisas em inovação, conhecimento sobre propriedade intelectual e para estimular o que é previsto na lei de inovação e empreendedorismo, incentivando os pesquisadores a buscarem a proteção de suas descobertas”, finalizou.

Cristiano Gonçalves, diretor Técnico de Inovação do Butantan, na palestra “Propriedade Intelectual e questões legais”

 

Reportagem: Camila Neumam
Fotos: Marilia Ruberti, Renato Rodrigues e José Felipe Batista