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Olhar dos especialistas: resumo dos principais estudos apresentados no primeiro dia do CoronaVac Symposium


Publicado em: 29/12/2021

Neste primeiro painel do simpósio sobre CoronaVac diversos pesquisadores discutiram desde os aspectos básicos da natureza do vírus SARS-CoV-2, até a produção da vacina CoronaVac, além dos resultados de sua eficácia, eficiência e segurança. Inicialmente a Dra. Yaling Hu, representando a Sinovac, relatou que a produção e distribuição da vacina dependem de resultados científicos, qualidade de coleta e cultura do vírus, eficiência na produção e uma boa cadeia de suprimentos (supply chain).

A doença COVID-19 possivelmente surgiu em novembro de 2019, sendo que o primeiro alerta na China foi em 8/12/2019, e já em 31/12/2019 a OMS gerou o primeiro alerta mundial. Em 07/01/2020 foi identificado o Novo Coronavírus denominado SARS-CoV-2, e em março de 2020 a OMS declarou um estado de pandemia. Em abril de 2020 o vírus já se espalhou pelo mundo.

A Sinovac aprovou internamente o início de um projeto de vacina anti-SARS-CoV-2 em 28/01/2020. Em março iniciaram-se os primeiros experimentos em animais e a construção da planta industrial. Os ensaios pré-clínicos em macacos proporcionaram dados para estabelecimento da melhor dose e esquema de imunização. Em meados de abril foram iniciados os ensaios de pesquisa clínica de Fases I e II. A planta industrial foi concluída em 30/06/2020 e logo após começaram os estudos de Fase III. Em 05/02/2021 foi permitida a comercialização da vacina, e a partir de abril de 2021 a capacidade produtiva estimada era de 2 bilhões de doses anuais.

A Dra. Hu apresentou os motivos da escolha da vacina com tecnologia de vírus inativados. A plataforma para esta tecnologia já estava bem estabelecida e a vacina possui uma grande diversidade de antígenos, esperando-se, assim, que ela induza uma boa resposta imune humoral (anticorpos) e/ou celular, dirigida contra as diversas proteínas virais (Spike, Nucleocapsídeo, Membrana, Envelope, proteínas não estruturais e diversas ORFs) e não apenas contra a Spike, que é a proteína do SARS-CoV-2 mais exposta e que interage com o receptor ACE-2, penetrando nas células hospedeiras. É importante ressaltar que todas as proteínas virais são essenciais para todas as etapas da infecção e, portanto, anticorpos ou células imunes dirigidos contra elas podem gerar proteção. Além disso, este tipo de vacina historicamente apresenta um bom perfil de segurança para aplicação em crianças e jovens. Uma vez que a Sinovac tinha uma experiência acumulada de 20 anos com vacinas inativadas, foi possível produzir a mesma em larga escala (bilhões de doses), em tempo recorde.

Hoje, após a vacinação de milhões de indivíduos pelo mundo, a Sinovac está avaliando a eficácia de sua vacina na aplicação de terceiras doses, além de sua utilização contra as diversas novas variantes.

A CoronaVac foi testada e utilizada em diversos países de vários continentes, mas destacamos os estudos realizados na China, onde foi desenvolvida, Chile, Turquia e Brasil. Em todos estes países, vários cientistas avaliaram a vacina, inicialmente com um número restrito e controlado de indivíduos e mediram a eficácia da mesma e os efeitos adversos apresentados (leves, modera