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CoronaVac reduziu casos graves e mortes por Covid-19 em idosos, diz estudo colombiano

Risco de internação e morte por Covid-19 caiu pela metade; outras pesquisas já mostraram 70% de efetividade


Publicado em: 07/11/2022

Um estudo realizado na Colômbia com cerca de 700 mil participantes voltou a mostrar que a administração da CoronaVac em pessoas acima de 60 anos reduz de forma substancial as mortes e os casos graves de Covid-19. O trabalho foi publicado na The Lancet Regional Health – Americas e conduzido por pesquisadores da Universidade Nacional da Colômbia e das universidades colombianas de Sinú, de Cartagena e da Costa, além de outras instituições como a Universidade de São Paulo.

Entre março e agosto de 2021, os cientistas acompanharam 720 mil pessoas com idade média de 68 anos. Entre os voluntários, 76,7 mil haviam sido vacinados com CoronaVac, 56 mil tomaram outra vacina, e 539 mil ainda não haviam sido imunizados.

Nos indivíduos não vacinados, ocorreram 21,5 mil casos sintomáticos de Covid-19, 2.874 hospitalizações, 1.061 internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 1.329 mortes. Já naqueles vacinados com a CoronaVac, o imunizante reduziu em mais da metade o risco de internação e morte por Covid-19.

Os autores do artigo chamam atenção para outro estudo conduzido na Colômbia com cerca de 3 milhões de pessoas, que mostrou uma efetividade ainda maior da vacina para evitar óbitos em idosos (72,1%). De acordo com a pesquisa publicada na The Lancet Healthy Longevity, menos de 1% dos idosos que tomaram CoronaVac morreram ou precisaram ser hospitalizados por consequências da Covid-19.

Segundo os pesquisadores, a diferença dos resultados pode ser explicada pelo menor poder estatístico da atual amostra (720 mil contra 3 milhões) e também pela realidade socioeconômica dos voluntários. Enquanto o trabalho anterior foi feito com toda a população colombiana, a atual pesquisa incluiu apenas participantes do norte do país com baixa condição socioeconômica – um público que corre mais risco de ser infectado pelo SARS-CoV-2 e tem menos acesso aos serviços de saúde.

A relação entre a Covid-19 e a vulnerabilidade social já foi demonstrada em diferentes países. Mais recentemente, um estudo da Universidade de São Paulo feito na Amazônia mostrou que crianças que passaram fome tiveram 76% mais chance de ter Covid-19 sintomática.

 

Reforço da CoronaVac eleva proteção em idosos

A dose de reforço é importante para recuperar os níveis de proteção contra o coronavírus, que decaem ao longo do tempo independente da vacina utilizada. Um estudo chinês publicado na Nature Communications mostrou que a terceira dose da CoronaVac aumentou em 43 vezes a produção de anticorpos em indivíduos acima de 60 anos. Além disso, após a terceira dose, os anticorpos neutralizantes foram mantidos por pelo menos seis meses – mais tempo do que o observado após a segunda.

 

Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan