O Instituto Butantan é uma instituição centenária da qual faz parte o Parque da Ciência, que fica situado em 725 mil metros quadrados de área verde no meio da cidade de São Paulo. Com um grande espaço de vegetação nativa, é natural que o parque possua árvores históricas, algumas até centenárias – que habitam o Butantan desde antes da chegada de Vital Brazil, fundador do instituto.
Essas árvores são enormes: possuem uma altura elevada e um diâmetro expressivo e são entendidas como patrimônio vivo pela área de Segurança do Trabalho e Meio Ambiente (SMA) do Butantan, responsável pelo cuidado da arborização nas áreas verdes do parque.
“Algumas árvores estão próximas dos edifícios históricos – perto do Espaço Terra Firme, da Biblioteca, da Casa Afrânio do Amaral e no Horto Oswaldo Cruz. Elas viram toda a construção em volta delas, e é por isso que as chamamos de testemunhas históricas”, diz o analista de meio ambiente do Butantan, Renan Rodrigues da Costa.
Essas árvores também são classificadas como testemunhas por conta dos anéis de crescimento que vão se formando em seus troncos a cada ciclo de vida. Dependendo da espécie, cada anel corresponde a um período de tempo, e somente estudos específicos podem determinar a idade aproximada. Essas marcas também registram as condições ambientais da época.
“Quando o anel é muito estreito significa que, provavelmente, as condições ambientais não estavam favoráveis. Pode ter sido um ano em que choveu pouco, ou o desenvolvimento não foi legal, elas não tiveram muito acesso a recursos, ou tiveram alguma doença, ou uma infestação. Quando o anel é bastante largo significa que, possivelmente, o ano foi propício para o desenvolvimento. Ou seja, ela dá um relato climático e ambiental ao longo da sua vida e que fica registrado nos anéis de crescimento”, explica Renan.
Monitoramento arbóreo
Anualmente, as árvores do Parque da Ciência passam por avaliações visuais e exames técnicos para que a equipe do Butantan conheça as condições de fitossanidade do vegetal, um conceito usado para classificar o nível de proteção das plantas contra o ataque de pragas e doenças que atingem sua saúde.
A primeira análise é feita visualmente, com a observação da copa, tronco e raiz. Se a árvore não apresentar nenhum sintoma aparente, os especialistas contratam equipamentos de análises técnicas para fazer uma avaliação mais profunda. São utilizados os exames de resistografia e tomografia sônica.
“A resistografia é um exame um pouco invasivo porque precisamos introduzir uma pequena broca no tronco da árvore para medir a resistência dela. Quando a madeira entra no processo de degradação, ela fica menos resistente e esse equipamento vai medindo essa variação em gráficos. Quando há um tecido em deterioração ou cavidade no interior do tronco, o equipamento nos mostra a ocorrência dessas situações com quedas no gráfico de resistência, o que indica uma situação anormal”, afirma Renan.
Já a tomografia sônica utiliza uma série de sensores ao longo do tronco da árvore, que medem o espalhamento de ondas sonoras em seu interior. “Este aparelho mostra se tem variação sonora e, se tiver, é sinal de que a madeira pode estar degradada. Se não tem variação é porque a madeira está em estado de normalidade”, diz o analista de meio ambiente.
Se as árvores históricas apresentam algum tipo de problema, os profissionais do Butantan acompanham o processo, fazendo uma adubação e uma poda de equilíbrio para evitar riscos de queda e possíveis prejuízos.
Os visitantes do Parque da Ciência podem caminhar pelo parque e observar as centenas de árvores por toda sua extensão. Use os mapas abaixo na sua próxima visita para encontrar as árvores históricas. Se preferir, baixe o arquivo PDF e encontre as árvores pelo parque.
Reportagem: Mateus Carvalho
Fotos: Rafael Simões/Comunicação Butantan
Arte: Erick Genaro