Dados da farmacovigilância do governo chileno indicam que a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, é o imunizante com as menores taxas de eventos adversos em crianças e adolescentes, entre três a 17 anos, que receberam vacinas contra Covid-19 no país. A CoronaVac é o imunizante mais seguro tanto em notificações gerais, quanto comparado à outra vacina e entre pessoas de idades e sexos diferentes, segundo dados do 4º Informe Estatístico “ESAVI associados a administração de vacinas SARS-CoV-2 no Chile na população pediátrica e adolescentes”, do Ministério da Saúde local.
Entre 1º de março de 2021 e 26 de fevereiro de 2022 foram administradas 6,9 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 em menores de 18 anos no Chile. Destas, 4,9 milhões de doses eram da CoronaVac e 2 milhões de doses da Comirnaty, vacina da Pfizer/BioNTech. No mesmo período foram notificados pela farmacovigilância chilena 868 Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVIs) entre pessoas de três a 17 anos que tomaram as duas vacinas, com taxas menores de eventos adversos entre os que receberam a CoronaVac.
ESAVI é uma condição de saúde desfavorável, não intencional, que pode ser um sintoma, um achado laboratorial ou uma doença, ocorrido após a vacinação (administração da vacina) ou imunização (geração de resposta imune), segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
“O total de notificações recebidas associadas à CoronaVac foi de 520, o que corresponde a 0,01% do total de doses administradas e uma taxa de notificação de 10,67 notificações a cada 100 mil doses”, descreve o relatório.
A vacina de RNA mensageiro (Pfizer), por sua vez, demonstrou uma taxa de 15,35 notificações de ESAVIs a cada 100 mil doses da vacina aplicadas. A taxa é maior do que entre os que tomaram a CoronaVac, mesmo com um número menor de doses administradas na faixa etária analisada.
Estes dados comprovam que a CoronaVac é uma vacina com raros efeitos adversos no público infantojuvenil e quando eles aparecem costumam se resumir a dor no local da aplicação na maioria dos relatos. Tanto que das 520 notificações, 456 foram de eventos considerados não graves, ou seja, cujos sintomas desaparecem sem necessidade de tratamento sintomático e hospitalização e que não colocam em risco a vida, em definição da Opas.
O Ministério da Saúde chileno liberou o uso da CoronaVac em crianças a partir de seis anos em 6 de setembro de 2021 e em crianças a partir de 3 anos em 30 de novembro de 2021. A vacina de RNA mensageiro é usada no país em pessoas a partir de 5 anos desde 21 de dezembro de 2021.
Os dados foram colhidos pelo Subdepartamento de Farmacovigilância (SDFV, na sigla em espanhol), do Instituto de Saúde Pública do Chile (ISP), ligado ao Ministério da Saúde local, que notifica e investiga se os ESAVIs têm ou não relação com a vacinação.
CoronaVac mantém segurança entre as doses
As notificações de eventos adversos entre a primeira e a segunda dose também se mostraram menores em quem tomou a CoronaVac. Segundo o relatório chileno, a primeira dose de CoronaVac foi associada a 12,92 notificações e a segunda dose a 4,24 notificações de ESAVIs para cada 100 mil doses aplicadas. Entre os que tomaram a vacina de RNA mensageiro, foram 16,67 notificações de ESAVIs na primeira dose e 10,41 na segunda dose a cada 100 mil doses aplicadas do imunizante.
Diferenças por faixa etária e sexo
As taxas de eventos adversos também são menores entre meninos e meninas que tomaram a CoronaVac em comparação com a outra vacina disponível. De acordo com o relatório, a taxa de notificação de ESAVIs entre meninos de 12 a 17 anos que tomaram CoronaVac é de 9,45 notificações para cada 100 mil doses, enquanto a taxa em meninos da mesma faixa etária, que tomaram a vacina de RNA mensageiro, é de 14,57 para cada 100 mil doses aplicadas. Entre as meninas de 12 a 17 anos que tomaram CoronaVac, a taxa de ESAVIs foi de 10,58 para cada 100 mil doses, enquanto entre as meninas da mesma faixa etária que tomaram a outra vacina foi de 15,46 notificações a cada 100 mil doses.
Quanto à faixa etária de 3 a 11 anos, os dados de eventos adversos foram computados apenas em relação à CoronaVac. Entre meninos desta faixa etária, a taxa foi de 10,76 notificações de ESAVIs para 100 mil doses e 11,06 notificações para mil 100 doses entre as meninas desta faixa etária.
Efeitos adversos mais comuns
Segundo o documento, dor no local da injeção corresponde a 3,26 notificações a cada 100 mil doses de CoronaVac aplicadas, na média geral. Prurido (1,99 notificações a cada 100 mil doses), cefaleia (1,60 a cada 100 mil doses), vômitos (1,54 notificações a cada 100 mil doses), urticária (1,42), febre (1,07) e náuseas (1,05) são os outros eventos mais frequentes. Todos os dados são menos incidentes do que os relatados nas vacinas de RNA mensageiro.