Uma pesquisa realizada em Pequim, na China, mostrou que a dose de reforço da CoronaVac aumentou quase 80 vezes o nível de anticorpos neutralizantes, elevando especificamente os anticorpos IgG das subclasses IgG1 e IgG3 – algo que ainda não tinha sido observado pela ciência. O trabalho foi publicado na revista Immunology e conduzido por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Pequim e da Universidade Médica da Capital.
O estudo incluiu 174 adultos com idades entre 18 e 59 anos que receberam duas doses de CoronaVac. Destes, 158 receberam a terceira dose depois de um ano da imunização primária e foram acompanhados por 15 meses. Após 10 dias do reforço, a soroconversão atingiu 100% e se manteve assim nos meses seguintes. Já os anticorpos neutralizantes aumentaram 78 vezes, atingindo um pico de 290,6 após três semanas.
Os pesquisadores também avaliaram, pela primeira vez, as subclasses de anticorpos, que podem servir como importantes determinantes da eficácia da vacina. Os anticorpos neutralizantes são compostos principalmente por IgG, IgA e IgM, dentre os quais o IgG é o mais abundante e multifuncional. O IgG possui 4 subclasses distintas: IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4.
Após a aplicação da dose de reforço, os níveis para IgG1 multiplicaram 21 vezes, aumentando de 21,7 para 458,4. Já os níveis para IgG3 subiram oito vezes, de 29,5 para 241,8. A proporção de IgG1 e IgG3 foi correlacionada ao alto nível de anticorpos capazes de neutralizar o vírus.
De acordo com os pesquisadores, já foi demonstrado que a resposta imune humoral de indivíduos recuperados da Covid-19 consiste principalmente em células B de memória produtoras de IgG1. “Ainda é preciso investigar se a imunização com vacinas inativadas [como a CoronaVac] está diretamente relacionada à presença de células B de memória.”
Soroconversão é mantida por mais tempo após reforço da CoronaVac
Outra pesquisa chinesa mostrou que, após a terceira dose da CoronaVac, todos os indivíduos analisados apresentaram níveis elevados de anticorpos neutralizantes. Além disso, a produção de anticorpos foi mantida por três vezes mais tempo do que após a segunda dose. Mais estudos que comprovam a eficiência do imunizante como reforço podem ser acessados no Dossiê CoronaVac.
Este texto é uma colaboração do jornalista científico Peter Moon para o portal do Butantan
