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As semelhanças e diferenças entre cecílias e serpentes: uma descoberta de pesquisadores do Butantan que mudou a forma como a ciência vê os anfíbios

O estudo feito pelo Laboratório de Biologia Estrutural, foi noticiado em mídias internacionais e têm mais de mil leituras


Publicado em: 01/10/2021

*Este texto é uma colaboração do pesquisador Carlos Jared para o portal do Instituto Butantan

 

Apesar de também serem conhecidas como cobras-cegas, as cecílias não são cobras. Elas nem mesmo fazem parte da mesma classe das serpentes: cecílias são anfíbios, e não répteis. Embora sejam muito distantes evolutivamente, há diversos pontos em comum entre as duas espécies: ambas são desprovidas de patas e é a cabeça que desenvolve praticamente todas as atividades vitais (interação com o ambiente, defesa, alimentação). Sem contar que as cecílias, além de possuírem glândulas venenosas na superfície da pele, contam também com um tipo de aparato que se assemelha aos dentes de injeção de peçonha das serpentes.

Com base nesses e em muitos outros dados, os pesquisadores do Laboratório de Biologia Estrutural do Instituto Butantan, liderados pelo professor Carlos Jared, levantaram a hipótese de que as glândulas de peçonha das serpentes, que começaram a surgir há cerca de 100 milhões de anos, no período Cretáceo, já haviam sido "inventadas" pelas cecílias 150 milhões de anos antes. Eles também concluíram que é bem possível que a peçonha das serpentes e as secreções peçonhentas das cecílias desenvolveram-se seguindo objetivos similares. E que as cecílias podem ser consideradas, ao mesmo tempo, animais peçonhentos e venenosos: secretam peçonha através de glândulas dentais e veneno através das glândulas da pele.

Essa pesquisa é uma das maiores descobertas dos últimos anos sobre os anf