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Vacinação infantil contra o SARS-CoV-2 deveria começar antes da volta às aulas, acreditam especialistas


Publicado em: 16/12/2021

Com o aumento de casos de Covid-19 entre crianças no Brasil e em vários outros países, médicos e pesquisadores defendem a imunização da população pediátrica antes do retorno escolar no próximo ano. As variantes colaboraram para elevar o risco dessa faixa etária, mas também o fato de não haver uma política mais organizada para os alunos frequentarem as instituições de ensino na pandemia, segundo especialistas.

Na avaliação do epidemiologista Paulo Lotufo, professor titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), houve um contágio que poderia ter sido diminuído. “Os ambientes escolares não são os melhores do ponto de vista sanitário. Há problemas sérios de ventilação, de circulação, a questão do asseio é muito complicada. Escolas públicas e privadas vão ter de se remodelar dentro da nova perspectiva de contaminação por vias aéreas”, diz.

A melhor opção, de acordo com o epidemiologista, seria iniciar a primeira fase da vacinação de crianças com até 11 anos em janeiro e aplicar a segunda dose em março. “Com isso, reduzimos muito a possibilidade de casos graves”, afirma Lotufo.

A imunização dos meninos e meninas de três a 11 anos é a melhor forma de trazer mais proteção e evitar maiores déficits cognitivos na infância, segundo analisa o infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“O prejuízo que tivemos com crianças fora da escola durante esse tempo de isolamento foi brutal. Em um país tão desigual como o nosso, isso implica na perda de uma geração”, lamenta ele.

Segundo Kfouri, crianças e adolescentes devem ser imunizados para garantir uma volta às aulas segura. O infectologista explica que nos Estados Unidos, no início da pandemia, esse público representava 1% do total de casos de hospitalizações por Covid-19; posteriormente, passou a representar 20%. “Nesse momento, a vacinação incluindo toda a população seria uma medida para tornar a convivência mais segura para todos.”

Paulo Lotufo e Renato Kfouri participaram do Coronavac Symposium, evento organizado pelo Instituto Butantan e pela Sinovac e realizado entre 7 e 9/12. Para saber mais sobre a vacinação pediátrica e os últimos estudos sobre imunização com vacina de vírus inativado é possível assistir à programação completa do evento internacional no Youtube.