Desde a última segunda (15/5), qualquer brasileiro acima dos 6 meses de idade já pode comparecer ao posto de saúde mais próximo de sua casa e solicitar, gratuitamente, a aplicação da vacina contra o vírus influenza – produzida pelo Instituto Butantan e distribuída à população por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública do mundo, sendo a vacinação a maneira mais eficaz de preveni-la.
“A gripe ainda afeta muitas pessoas, podendo trazer consequências graves e sequelas capazes de afetar a qualidade de vida e a capacidade de trabalho, além dos casos em que o desfecho pode ser fatal”, afirma o diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos do Butantan, Gustavo Mendes Lima Santos. Em 2022, mais de 1.600 pessoas perderam suas vidas por conta de complicações decorrentes da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada pela influenza no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. A cobertura vacinal do período foi de 68% – a mais baixa dos últimos anos.
Idosos devem receber a vacina contra a gripe para atualizar proteção contra os vírus circulantes da Influenza
Lançada no dia 10 de abril, a 25ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza focou nos chamados grupos prioritários, formados por crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes, puérperas, povos indígenas, trabalhadores da saúde, idosos acima de 60 anos, professores, pessoas com comorbidades, profissionais das forças armadas, caminhoneiros, trabalhadores portuários e de transporte coletivo rodoviário, funcionários do sistema prisional, jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas e população carcerária.
Até o momento, pouco mais de 30% desse público – ou 23 milhões de pessoas – receberam a vacina contra a influenza. A ação termina no dia 31 de maio e a meta está bem aquém dos 90% preconizados pela OMS. Por conta dos baixos números, o Ministério da Saúde recomendou a ampliação da vacinação para toda a população brasileira a partir dos seis meses de idade. O objetivo é expandir a cobertura vacinal contra a gripe antes do inverno, quando as infecções respiratórias tendem a aumentar.
“Quero conclamar a união de todos pelo nosso Movimento Nacional pela Vacinação, um movimento do Ministério da Saúde, dos estados, dos municípios e de toda a sociedade civil. A ciência voltou e precisamos retomar a confiança da população nas vacinas. Essa é uma missão de todos nós”, ressaltou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, em nota divulgada pela pasta.
Neste ano, a vacina trivalente contra a gripe produzida pelo Butantan e disponibilizada pelo SUS é composta por duas cepas do vírus influenza A (H1N1 e H3N2) e por uma cepa do tipo B (linhagem Victoria)
Por que as pessoas não estão se vacinando?
Há séculos as vacinas têm ajudado a combater doenças virais, infecciosas e altamente transmissíveis. No Brasil, enfermidades como a poliomielite e a varíola foram completamente erradicadas, tamanho o sucesso das campanhas de imunização promovidas no passado. Recentemente, a estratégia vacinal adotada contra o SARS-CoV-2 foi essencial para o controle e a recente superação da pandemia provocada pelo novo coronavírus.
“Infelizmente, junto com a pandemia passamos por um processo de desinformação. Circularam muitas notícias falsas sobre riscos associados à vacina, gerando muito medo nas pessoas”, analisa Gustavo Mendes.
Incorporada ao PNI em 1999, a estratégia de vacinação contra os vírus que causam a gripe tem como objetivo prevenir o surgimento de complicações e óbitos decorrentes da doença, reduzindo os sintomas nos grupos prioritários e o número de internações, evitando assim a sobrecarga dos serviços de saúde.
Desde 15 de maio, qualquer brasileiro acima de 6 meses de idade já pode se vacinar gratuitamente contra a gripe nos postos de saúde
“A verdade é que as vacinas passam por testes rigorosos e as pessoas não precisam ter medo ou insegurança. Quando uma vacina é aprovada significa que ela realmente traz benefícios e os riscos são mitigados”, explica o diretor de Regulatório, Controle de Qualidade e Estudos Clínicos do Butantan.
Todos os anos, o Instituto produz 80 milhões de doses da vacina Influenza, o que corresponde à totalidade dos imunizantes utilizados na campanha nacional. Trivalente, ela reúne as três principais cepas do vírus que estão circulando no Hemisfério Sul, conforme orientação da OMS. “Se temos uma vacina que pode prevenir ou diminuir os casos graves dessa doença, não temos por que não tomar”, completa Gustavo.
Reportagem: Natasha Pinelli
Fotos: Renato Rodrigues/Comunicação Butantan