Durante o CoronaVac Symposium, que será promovido pelo Butantan em parceria com a Sinovac nos dias 7, 8 e 9/12, pesquisadores da China apresentarão os principais resultados de seus estudos sobre a vacina, que comprovam a sua segurança e eficácia. As pesquisas apontam que a CoronaVac é segura para crianças e idosos e que a dose de reforço é capaz de potencializar a resposta imune, inclusive contra as variantes, e sem provocar reações adversas.
No primeiro dia do evento, às 8h30, a vice-presidente da Sinovac, Yaling Hu, responsável pelas operações de P&D, falará sobre o histórico da criação da CoronaVac, desde os testes em células e em modelos animais, seguidos dos testes clínicos de fase 1 e 2 desenvolvidos na China, até os estudos clínicos de fase 3 iniciados no Brasil em julho do ano passado. Os ensaios foram randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo.
Yaling Hu faz parte do grupo de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é especialista sênior em desenvolvimento de vacinas, liderando estudos clínicos e de avaliação de qualidade de uma série de produtos vacinais nos últimos 10 anos, incluindo vacinas contra a H1N1 e a H5N1, além da CoronaVac.
As fases clínicas 1 e 2 na China contaram com 744 voluntários saudáveis com idades entre 18 e 59 anos. Os indivíduos que receberam as duas doses da vacina apresentaram resposta imune com taxa de soroconversão de 90% para anticorpos neutralizantes. Além disso, não foram reportados efeitos adversos graves e a reação mais comum foi dor no local da injeção. Posteriormente, os resultados da fase 3, conduzida no Butantan com 13 mil voluntários, mostraram uma eficácia global de 62,3% se o intervalo entre as duas doses for de 21 dias ou mais.
Dose de reforço
No segundo dia, às 9h20, Xiangxi Wang, pesquisador principal do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, irá apresentar os resultados do estudo “A third dose of inactivated vaccine augments the potency, breadth, and duration of anamnestic responses against SARS-CoV-2”, publicado na plataforma de preprints MedRxiv. O estudo indica que, quatro semanas após a aplicação, a dose de reforço da CoronaVac multiplica os níveis de anticorpos neutralizantes contra a proteína S, responsável pela entrada do SARS-CoV-2 nas células humanas.Além disso, a dose aumenta a proteção contra as variantes, elevando em 17 vezes o nível de anticorpos neutralizantes contra a variante delta e contra a cepa original de Wuhan, em 18 vezes contra a variante alfa, em 19 vezes contra a beta e em 14 vezes contra a gama.
Proteção para idosos e crianças
No último dia do simpósio, às 8h30, o pesquisador Hongjie Yu, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de Fudan, abordará a imunogenicidade da CoronaVac entre idosos. Uma pesquisa publicada em agosto na plataforma de preprints MedRxiv acompanhou 303 indivíduos saudáveis com mais de 60 anos para analisar a permanência da imunidade após a vacinação e os efeitos da aplicação de uma terceira dose.
Os voluntários que receberam uma dose adicional da vacina oito meses após a segunda dose apresentaram um aumento de sete vezes no nível de anticorpos neutralizantes. Além disso, a dose de reforço não provocou reações adversas significativas. A segurança da CoronaVac para pacientes idosos também foi mostrada em outro estudo da Sinovac, publicado em fevereiro na The Lancet Infectious Diseases.
Na palestra seguinte, às 9h20, a gerente de farmacovigilância da Sinovac, Jiayi Wang, falará sobre a segurança da CoronaVac em crianças. Estudos clínicos de fase 1 e 2 da farmacêutica chinesa indicaram que a vacina é segura para a população entre três e 17 anos e é capaz de induzir alta resposta imune. Das 550 crianças e adolescentes que participaram do estudo, 96% apresentaram anticorpos 28 dias após a segunda dose. Resultados preliminares da fase 3 reforçam que o imunizante é seguro para esse público.
A China foi o primeiro país a aprovar o uso da CoronaVac em indivíduos acima de três anos – hoje, Chile, Equador e Indonésia também já aplicam a vacina em crianças.
Eficácia em pessoas com comorbidades
A segurança e imunogenicidade da CoronaVac em indivíduos com doenças crônicas e imunossuprimidos será tema da palestra das 10h do dia 9, que será conduzida por Zijie Zhang, pesquisador principal do Grupo de Biologia de Sistemas no Laboratório Estadual de Conservação e Utilização de Bio-Recursos na Universidade de Yunnan, na China.
Evidências já comprovaram que a vacina do Butantan e da Sinovac é segura para indivíduos com comorbidades. Um artigo publicado por pesquisadores chineses na plataforma SSRN, por exemplo, apontou que a CoronaVac protege pessoas com HIV. O estudo foi feito com 129 pessoas que vivem com HIV e 53 indivíduos HIV-negativos, com idades entre 18 e 59 anos. Os resultados indicam que pessoas com HIV podem alcançar alto nível de imunidade, similar ao observado em indivíduos HIV-negativos.
Outro estudo chinês recentemente publicado na revista Cellular & Molecular Immunology, do grupo Nature, atesta a capacidade da CoronaVac de proteger pacientes com hepatite B. Segundo a pesquisa, os participantes que receberam a segunda dose do imunizante apresentaram uma taxa de soroconversão de 87,25% para anticorpos IgG, e de 74,5% para os anticorpos neutralizantes.